Helena a gorda
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Era sim que o marido a
chamava e dizia para os vizinhos que ela era horrenda de gorda. Helena aturava
porque já estava acostumada desde a infância a todos zombarem dela por causa de
seu peso.
Um dia a abandonou e
Helena ficou surpreendida de não ficar triste. Decidiu que cuidaria sozinha dos
filhos e uma força surgiu dentro dela. Olhou-se no espelho e, pela primeira
vez, e disse que era bela. Começou a caminhar, a diminuir a quantidade de
comida e a procurar um emprego.
À medida que aprendia
a se amar, os homens começaram a enxergá-la. Mas, ela não nem ligava por estar
ainda encantada consigo mesma. Era vaidosa não pelos outros e sim por ela
mesma.
Ao emagrecer descobria
curvas em seu corpo nunca antes vistas, inclusive, quando começou a comprar
blusas estampadas. Todavia, almejava ser natural e não ter um corpo esculpido
de academia. Ser abundante pertencia a sua individualidade.
Na alta madrugada, acostumava-se
a passar cremes pelo corpo, exibia-se para o espelho e se divertia como se
fosse menina. Estava no casulo, preparando-se para um novo começo.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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