A noite
* Por
Emanuel Medeiros Vieira
(…)
“Descobri que minha arma é o que a memória guarda.” (…) (Milton Nascimento e
Fernando Brant, “Saudades dos Aviões da Panair”)
A noite te persegue?
Apenas fechas os
olhos.
Morcegos? Corujas?
“Produza algo
edificante”, exige um Juiz.
“Não escreves poemas:
no máximo, prosa poética”, define outro Magistrado (um deus?).
“És sempre
monotemático: falas obsessivamente no Tempo e numa Ilha que acabou há muito
tempo”, reitera uma Voz Interior.
“Por favor: sê mais
otimista” – reivindica outro crítico.
Aspiras a desconexão
com real, o império da paz – talvez o esquecimento.
A memória está sempre
aqui, ali, sempre – ela é o núcleo das tuas narrativas..
Virá o pó, mas não
agora – esquece.
E todos os sonhos de
tantas vidas?
Exorcizarás os males –
acreditas.
Irão embora os
Espíritos de Obsessão.
Irão?
* Romancista, contista, novelista e
poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis –
ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos
domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre
outros.
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