segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Poeta Soares Feitosa!

* Por Aleilton Fonseca

Os seus bem-feitos!! Eu lhe digo: Antífona é o grande "Poema Limpo" da poesia contemporânea. Sua dicção épico-lírica percorre as páginas como um enxurrada que acorda os rios para matar a fome dos Açudes.

E a poesia tem sede de olhos, ela é a água milenar em seus ciclos eternos. Os poetas brotam da terra, do barro amassado com suor e lágrima.

Eis que já vem Salomão. Chega à frente, homem, conta aí uma presepada! Toma assento, é noite, vamos poesiar. Salomão é intenso até no nome, em seus dez(en)cantos da vida. Sua poesia-prosa-reportagem-ensaio vibra na voz do poeta, dita-nos o compasso da emoção que bate forte: Tãm!!

O Navio de Frederico aportou no morro, suas amarras descem pelas trilhas e escadas, seus porões transmutaram-se em Útero plural da mãe África: 'stamos em pleno morro!

A história somos nós, mas se a escrevemos como nossa, com suas grandezas e misérias. E Salomão é isto, canto da História, dos ontens, do hoje e dos amanhãs. Aquela foto não podia existir! Aquele clic foi a verdadeira bicada do abutre.

Salomão, Salomão!, ícone da sabedoria milenar que se reprocessa no tempo, pelas mãos da arte. Um poema alegórico polifônico em que vozes contracenam na arena simbólica da existência para fundar a Biblioteca.

Sim, tudo perece, só a Arte fica! Salomão é Hale-Bopp, o navio em pleno céu, viajando ao Século de Ésquilo.

Feitosa, seu sujeito! Que presepada é essa?!

Você é presepeiro da melhor raiz. E pra que poeta mais presepeiro do que o tal Antônio Nogueira, dito Pessoa? O sujeito inventou-se de outros, outros nomes, outras vozes, outras profissões, outras vidas, outras mortes, outros poemas... presepadas!

Com as minhas benquerenças,

* Aleilton Fonseca é escritor, Doutor em Letras (USP), professor titular pleno da Universidade Estadual de Feira de Santana, membro da Academia de Letras da Bahia, da UBE-SP e do PEN Clube do Brasil.


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