Um ato de amor
Ensinar uma pessoa a ler, e mostrar-lhe
o grande prazer que é a leitura, é um ato de amor. Desvenda, aos olhos de quem
aprende, um mundo quase infinito de conhecimentos e de possibilidades. Entendo
que essa deveria ser tarefa dos pais, de todos eles, embora hoje isso seja
impossível. A razão? Simples. Mais de um bilhão deles ainda são analfabetos.
Dos que não são, poucos são os que têm “tempo”
para os filhos, pretextando a “correria do mundo moderno”. Esquecem-se,
todavia, de horas e mais horas que desperdiçam a pretexto de lazer, em
atividades que sequer são de fato divertidas.
Há pais, no entanto, que fazem questão
de alfabetizar os filhos. Infelizmente são poucos. Os que não o fazem sequer
sabem o que perdem. Deixam de privar de momentos de intensa afetividade,
parceria e cumplicidade até, com sua prole. Quando ficam velhos, lamentam
amargamente não terem aproveitado melhor a presença dos filhos no lar. Aí... já
é tarde.
Claro que essa alfabetização teria que
ser lúdica. Teria que parecer, a quem aprende, que se trata de uma gostosa e
inteligente brincadeira. Caso pareça uma obrigação... O tiro tende a sair pela
culatra. A criança irá mentalizar que ler é desagradável e chato, o que,
evidentemente, não é.
Se os pais não quiserem, ou não puderem
alfabetizar os filhos, podem, pelo menos, motivá-los de outras maneiras a ler.
Como? Simples! Lendo-lhes, antes deles dormirem, histórias... de Andersen, por
exemplo, ou fábulas de La
Fontaine ou de Esopo, ou coisas assim. As crianças, quando
crescerem, certamente nunca esquecerão desses momentos de intimidade e de amor.
E, sem que se dêem conta, até subconscientemente, verão, sempre, no livro, um
companheirão. Ao lerem, alguns ouvirão, até, a voz do pai (ou da mãe) e se
deleitarão com a leitura.
Pena que aqueles que mais precisam
saber ler não tenham a mais remota possibilidade de aprender dessa maneira (e,
não raro, de nenhum outro modo). Refiro às crianças pobres, pobres mesmo, que
vivam em lares onde toda a sorte de dificuldades seja sua realidade cotidiana.
E em que seus pais tenham que lutar pela simples comida do jantar, sua
prioridade máxima, e por isso não tenham, de fato, tempo, paciência, disposição
e, principalmente conhecimento para essa tarefa de amor.
Alguns desses meninos e meninas sequer sabem
quem são seus verdadeiros pais. Criam-se ao Deus dará, como bichos e nunca como
uma criança deveria ser criada. E os lugares em que vivem são autênticas
“sucursais do inferno” em que imperam a miséria, a violência, a ignorância e
outros tantos subprodutos da marginalidade.
Pena! Pena mesmo! A leitura, nesses
casos (e a educação, claro) seriam suas únicas chances de mudarem de vida, de
terem alguma ascensão social e econômica por menor que fosse e não replicarem,
com isso, o terrível tipo de vida dos pais. Querer que tenham acesso ao livro,
desgraçadamente, hoje não passa (ainda) de utopia.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Não tive o prazer de ensinar meu filho a ler e nem pude ler muitas histórias para ele, pois começou a ler de repente aos três anos e cinco meses sem ninguém ensinar-lhe uma letra que fosse. Como? A TV o ensinou. Com quantos isso aconteceria? Para mim é um mistério até hoje.
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