Enlevo
* Por Flora
Figueiredo
Eu olho
você grande e distante
e
da sua grandeza me comovo
e
da sua distância me revolto.
Olho
de novo.
Procuro
reter em minhas mãos sua figura
mas
ela gesticula, oscila e cresce
e
numa inconstância distraída
no
instante exato
por
trás da vida desaparece.
Um
desacato.
Do
meu desaponto eu me levanto
pra
levar embora outro desencanto
mas
você me divisa e então me chama.
Me
aguarda, reclama e me convida
e
minha vida nessa ansiedade por fim entrego.
E
nesse amor feito de espuma colorida
nós
flutuamos: você borbulha, eu escorrego,
ensaboados,
você explode, eu me desintegro.
*
Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto”
e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia.
Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade
e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro
de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são
como um mergulho profundo nas águas da vida.
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