* Por Carlos Drummond de Andrade
I
Você sabia que a lua
Ainda não foi visitada?
Que há sempre uma lua nova
… Dentro de outra, e encantada
***
É lá que vivem as graças
Que nesta quadra de ano
A gente sonha e deseja
A todo gênero humano
***
Mas a lua, preguiçosa,
Nem sempre atende a pedida?
A gente pede assim mesmo
Até melhorar a vida
***
II
É tempo de pesquisar no tempo
Uma estrela nova, um sorriso;
De dizer à nuvem: sê escultura.
E a escultura: sê nuvem.
***
Tempo de desejar, tempo de pensar
Madura e docemente o bom de acontecer
(e mesmo não acontecendo fica desejado),
pássaro-mensageiro, traço
entre vida e esperança
como satélite no espaço.
***
III
Na volta da esperança
um princípio de vida:
ser outra vez criança
por toda, toda vida.”
* Poeta, cronista e contista, membro da Academia Brasileira de Letras
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