* Por Ruth Barros
Depois de ter tentado convencer os muito amados e pouco numerosos leitores de que frio é bom, Anabel começou a ter dúvidas. Não sobre a qualidade de vida a temperaturas inferiores a 20º, que a maioria dos brasileiros já considera de rachar e que a escriba acha deliciosa, cheia de vinhos, lareiras, conhaques, chocolates, sopas e outras maravilhas. O problema é que a somatória de tudo isso é muito engordativa. E tenho pavor de perder meu corpinho de passeio debaixo desses casacões, ou seja, que no dia de tirar o casaco o corpinho não seja mais tão inho assim.
Além das verdadeiras bombas calóricas que a gente manda bem, com vontade nesses dias em que parecemos tomados pelo apetite daqueles lobos magros e famélicos das estepes geladas, a recíproca não é verdadeira, ou seja, ninguém tem desejos desesperados de malhar. Nadar é um tormento, menos durante o ato, pois as piscinas normalmente são aquecidas, do que antes e depois, ou seja, haja ânimo pra entrar na água e vontade de sair dela depois, molhado no frião.
Aliás tenho uma amiga que só descobriu a utilidade de um belo roupão de toalha assim. Em casa ela achava idiota tal acessório porque se enxugava com uma toalha de verdade terminado o banho e depois se vestia, dispensando o roupão (se fosse pra fazer coisas mais animadas já ficava pelada mesmo e resolvia). Na piscina ou na natação também era desnecessário, porque um dos grandes prazeres de sair da água é continuar fresquinho e molhado sob o sol. Só após alguns meses de treino, em que resolveu encarar nadar de braçada em pleno inverno, é que a lesada percebeu que o roupão felpudo, até então relegado à qualidade de trambolho, tinha pleno uso. Isso já tem alguns anos e até hoje ela é feliz com o roupão, tanto que comprou outro quando o primeiro, o tal inútil, ficou muito caído devido ao excesso de uso.
Voltando às práticas esportivas no inverno, o resto também é duro, não só a natação. É duro querer levantar de uma cadeira ou de uma cama quentinha e gostosa pra correr, andar de bicicleta, levantar peso ou qualquer outra modalidade ao gosto do leitor. A cadeira, a cama ou o sofá normalmente vencem, na maioria das vezes acompanhados por um cobertor com chocolate quente, pão de queijo recém-saído do forno ou variação sobre o tema gostosura ou bebida engordante. Como a necessidade de casacos, écharpes, boinas e tudo mais que cobre o corpo e desvia os olhares é grande, aí temos montada uma verdadeira bomba de efeito retardado, cujos efeitos só vão ser verdadeiramente percebidos com a volta do calor.
Como não quero que meus queridos leitores sejam presa fácil dessa armadilha, vou dar umas dicas pra pelo menos transformar vocês em presas difíceis, ou seja, pelo menos tentem segurar o corpinho um pouco. A primeira é usar e abusar de condimentos como gengibre – além de fervê-lo no chá usem ralado para comidas salgadas, com parcimônia para não abafar outros sabores, fica genial – pimenta, canela, raiz-forte e outras. Além de esquentarem o organismo imediatamente, ainda há vários indícios de que ajudam a acelerar o metabolismo, queimando calorias.
Substituam o creme de leite usado em sopas e caldos por batata cozida e batida, dá sabor, corpo aos alimentos e menos gordura. Dependendo do caso também o iogurte, de preferência desnatado, pode ser de grande valia. E procurem usar malhas e roupas justas mesmo debaixo de casacos, aquele pneu saltando pra fora pode valer mais que mil palavras.
Anabel Serranegra está torcendo pela vitória de Zidane hilário o Rock in Rio in Lisboa
* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.
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