Pílulas literárias 248
* Por
Eduardo Oliveira Freire
INFORMANTE
Todos se perguntavam
como o jornalista-fofoqueiro conseguia informações quentíssimas das
celebridades. Sempre publicava notas exclusivas. Sua fonte principal era a lua
que espiava por milênios o cotidiano dos famosos. Depois, contava-lhe tudo.
***
FIM DO MUNDO
Ao ver o resultado de
gravidez, percebeu que sua vida mudaria completamente. Era o fim de um mundo
conhecido, para um outro novo e misterioso. Experimentou sensações diversas. Depois
de se acalmar, foi ver se passou no último ano da escola.
MÚSICA
Bela música. Faça-me
esquecer do calor e de minhas tolices. Melhor, faça-me esquecer de mim.
LUZES
Às vezes se sentia
confuso. Seus olhos se irritavam com tanta iluminação e seu cérebro não
conseguia processar o turbilhão de informações. Então, quando chegava à sua
casa, ficava na escuridão. Ela o iluminava.
SEREIA
Sempre desconfiei que
minha mãe fosse uma sereia. Passava horas a olhar uma foto de mar e ler uma
crônica de Clarice Lispector: As águas do mar. Morávamos numa cidade que não
tinha praia. Quando chorava, ela lambia minhas lágrimas e dizia que tinha gosto
do mar. Um dia, viajamos para conhecê-lo. Ela desapareceu nas profundezas. Em
sonhos, vejo-a a flutuar no fundo do oceano e seu olhar me diz que está bem.
***
INVASÃO
Quando as ideias do
tio ficam emboladas, aparece um monte de gente estranha. Então, minha avó pega
a vassoura e manda todo mundo voltar para o lugar de origem. Na cabeça do tio.
***
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Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Pílulas bem vívidas e realistas. O mundo é bem assim.
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