Será Arte?
* Por
Evelyne Furtado
A vida oferece tom,
cor e sabor às emoções que produzem sensações diversas em um verdadeiro show de
variedades.
Felizes o que possuem
talento para a catarse, manuseando impressões em gestos, falas, palavras,
performances, ritmos ou pincéis.
O protagonista às
vezes dança como o bêbado da canção de João Bosco, imortalizada por Elis. A
corda é seu caminho e chegar à outra ponta em todas as apresentações é sua
vitória.
A sensibilidade é
fundamental para que haja o bom desempenho. A técnica e o aprendizado são
necessários, porém não substituem a emoção de forma alguma.
Esquecer a fala ou
errar o passo pode parecer fatal. Mas a alma é imortal e se não for vendida
como a de Fausto, ressurgirá no outro dia ou em qualquer dia seguinte ao
ocorrido.
A alma vai além do ego
fornecendo o fogo sem o qual o espetáculo será mera repetição do cotidiano frio
e isso fica para as comadres que assistem a vida de suas janelas sem atuar.
Àqueles que foram
presenteados com o dom de traduzir a aventura de viver é imprescindível que não
deixem faltar lenha para alimentar a vida e iluminar o palco, pois do contrário
a catarse será feita em becos escuros ou simplesmente não acontecerá
intoxicando atores e platéias.
Traduzir-se, poema de
Ferreira Gullar outra vez me serve, me guia e me auxilia na tradução da vida,
portanto destaco os versos que dispensariam todas as minhas palavras, mas que
insisti em manter por teimosia ou por pura catarse.
"Traduzir-se uma
parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"
Ferreira Gullar.
*
Poetisa e cronista de Natal/RN.
Viver na corda bamba é arte e também mais do que perigoso.
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