Nasci para servir
* Por
Eduardo Oliveira Freire
“Nasci para servir”, tia
Clotilde sempre dizia. Quando a irmã morreu, foi morar com o cunhado e o
sobrinho. O marido da irmã a procurava de madrugada; ela estava sempre pronta a
ajudá-lo.
Quando ele casou
novamente e começou a viajar bastante a trabalho, a nova esposa a procurava de
madrugada; ela estava sempre pronta a ajudá-la.
O sobrinho crescido a
procurava de madrugada; ela estava sempre pronta a ajudá-lo.
Quando o casal de
gêmeos do segundo casamento do cunhado tornou-se adolescente, ambos a
procuravam de madrugada; ela estava sempre pronta a ajudá-los.
Um dia, tia Clotilde
faleceu dormindo. Toda a família estava ali, deitada à sua volta, exaurida. Tia
Clotilde se esforçara muito e foi arrebatada pelo último gozo em servir.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Poucos se submeteriam a esse labor sem fronteiras.
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