quarta-feira, 6 de abril de 2016

Dos encontros


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Nunca fui uma menina extrovertida; como adolescente fui tímida e de certa forma invejava minhas colegas tão populares, tão descoladas.

Estudei em uma escola particular tradicional do meu bairro; eu era bolsista e durante quatro anos letivos estudei sem pagar um tostão desde que não fosse reprovada.

Em alguns isso causava admiração, em outros isso fazia a diferença. Aprendi a lidar com a tal diferença fazendo uso do atributo mais relevante que eu tinha e me esforçava ao máximo para fazer valer a pena cada ano.

Amizades vieram e se foram na mesma proporção da ferrugem que corrói sem dó, restando de alguns, apenas uma vaga lembrança. Lembrei-me do Cocota, que geralmente tirava a irmã do sério só por respirar e de quando ele fez a turma inteira cair na gargalhada durante uma missa.

Da menina mais bonita, do garoto mais cheiroso, do mais assediado pelas meninas, do mais bagunceiro e por aí vai... Abençoada seja a memória que embola todos os encontros sem peneirar.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Singelo e profundo. De um modo geral as amizades desse tempo de menina chegavam para ficar. A diferença impediu.

    ResponderExcluir