Ao entardecer...
* Por
Eduardo Oliveira Freire
(Conto feito na
madrugada)
Uma menina olha
fixamente para uma casa. Atravessa a rua e bate à porta. Um senhor atende e se
surpreende com a inesperada visita. Manda a garota entrar.
- Ana, não mudou nada!
- Aparentemente sim,
mas não sou a mesma.
- Senti tanta culpa...
Na época era um menino e fiquei com medo.
- Você não tem culpa
de nada. Não podia fazer nada. Que bom que conseguiu fugir.
- Não sei se estou
sonhando, mas como continua tão jovem?
- O homem que
encontramos na floresta não era um monstro comum e me transformei em sua
discípula.
- Nunca te acharam na
mata. Pensei que ele a tivesse assassinado.
- Antes fosse. Seria
preferível a ficar prisioneira deste corpo de menina há anos. Estou tão
cansada.
- Eu também. Por isso,
quando a vi, pensei que fosse a morte.
- Eu me transformei
nela. Cometi muitas atrocidades. O homem da floresta me ensinou a ter prazer da
crueldade. Mas, ainda existem resquícios de humanidade em mim. Rebelei-me.
-Onde ele está?
- Matei-o.
- Que bom! Mas, por
que está aqui?
- Quero cuidar de
você. Foi uma vítima, também. Nunca conseguiu seguir em frente.
- Minha amiga,
obrigado. Estou muito doente.
- Sei, mas vamos
aproveitar o tempo que nos resta.
Meses depois, o senhor
morreu. Todos ao redor acharam estranho o desaparecimento da suposta neta. Ela
chamou um vizinho e sumiu sem deixar rastro. O legista deu o laudo de que
faleceu tranquilamente, porém, algo estranho acontecera. Não tinha um pingo de
sangue no seu corpo e havia dois pequenos orifícios no seu pescoço.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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