domingo, 6 de março de 2016

As andorinhas


* Por Mauro Mota


Torre feita de cantos e de plumas
ou feitas de argamassa as andorinhas?
A simbiose do pouso nos litúrgicos
beirais e a migração de alvenaria.

Era a torre da igreja ornitológica,
onde a cor da manhã se suspendia.
Era uma ave de bronze na gaiola,
era a língua do sino presa à corda.

Mas quando, no intervalo dessa pena
no seu repique matinal batia,
era a coletivíssima revoada:

asas de cal e músicas de penas
caindo todas pelo chão da praça
como se a torre se despedaçasse.


* Poeta, membro da Academia Brasileira de Letras

Nenhum comentário:

Postar um comentário