Convite para próprias reflexões
O livro “O mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder, é tão instigante,
do ponto de vista intelectual, que se me dispusesse a comentá-lo do primeiro ao
último capítulo – ou se qualquer outra pessoa se propusesse a isso – teria assunto
não apenas para algumas semanas, ou mesmo meses. Precisaria escrever,
continuamente, todos os dias sem exceção, por anos a fio e, ainda assim, não
diria tudo o que pode ser dito. Minha tentação é a de seguir esse fio condutor,
comentando, por conseqüência, a História da Filosofia, pois nesse processo,
além de ampliar meus próprios conhecimentos, poderia contribuir para trazer
preciosas informações aos que me dão a honra da sua leitura. Embora tenha
prometido fazê-lo, e apesar de muitos dos que me acompanham terem insistido
para que eu o fizesse, não o farei. E por várias razões.
O principal motivo para encerrar esta série de comentários é
em respeito ao autor. Quem quiser saber mais sobre Filosofia e sopbre tudo o
que ela enseja, em termos de reflexão, deve adquirir (e ler, e meditar) o livro
de Jostein Gaarder. Até porque, cada qual extrairá dessa obra lições diferentes
das que meus comentários sugiram, ou talvez “induzam”, de acordo com sua
personalidade e seu grau de conhecimento. Ao citar isso, lembro-me do que
Friedrich Nietzsche afirmou, certa feita, a esse propósito. O polêmico (posto
que genial) filósofo alemão escreveu: “Os leitores extraem dos livros,
consoante o seu caráter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das
flores retiram, uma, o mel, a outra, o veneno”. Não quero, pois, interferir na
natureza da extração de cada qual do conteúdo dessa bem-sucedida obra do
escritor norueguês. Até porque não sei em que mãos meus modestos e imperfeitos
comentários irão parar: se nas de “abelhas” ou se nas “de aranhas”.
O outro motivo para
mudar de assunto é que tenho extensíssima pauta de temas a desenvolver, de
livros a comentar, de autores a apresentar. O mundo da Literatura (felizmente)
é dinâmico e, ademais, não sou do tipo que se atém a uma espécie de “samba de
uma nota só”, parodiando a famosa composição de João Gilberto. Ou seja, de um
único assunto, por mais relevante que pareça ou de fato seja. Sou culturalmente
inquieto e ávido por novidades, como boa parte dos que me honram com sua leitura.
Reitero, porém, a recomendação: leiam “O mundo de Sofia”. Adquiram o livro (se
puderem). Caso não possam, por alguma razão, comprá-lo, procurem-no em alguma
boa biblioteca. Leiam-no. Estudem-no. Meditem sobre suas mensagens. Sejam,
também, um pouco “filósofos”, exercendo o que o homem tem de mais precioso e
nobre: a racionalidade.
Não se preocupem com a imensa quantidade de perguntas que a
reflexão filosófica possa (certamente vai, e infinitas) suscitar. Afinal, como
afirmou o filósofo português Agostinho Silva, “Filosofia é provocação e dúvida,
jamais certeza e ensino”. Ela “ensina”, sim, mas “a agir, não a falar”, como
concluiu o romano Seneca. Esse exercício de reflexão os tornará, com certeza,
melhores e contribuirá, quem sabe (dependendo do espírito prático de cada um)
para tornar o mundo um pouquinho (ou bastante) melhor.
Para não deixá-los na mão, caríssimos e preciosos leitores,
sinto-me obrigado a fazer importante revelação sobre esta obra, para o que
recorro à enciclopédia eletrônica Wikipédia, que a faz com meridiana clareza: “Por
ser um livro baseado em filosofia... promete (e cumpre) explicar tudo no final,
quando Sofia e Alberto Knox escapam de Albert Knag. A explicação é que Albert
Knag é o autor de um livro chamado ‘O Mundo de Sofia’, onde Sofia e Alberto são
dois meros personagens. Ele dá esse livro a Hilde como presente de aniversário.
O autor faz com que seus personagens tomem consciência de sua condição e
baseados em conhecimentos filosóficos Sofia e Alberto são capazes de
transcender a própria realidade do ‘autor’. ‘O mundo de Sofia’ é um exemplo de
espontaneadade. O livro retrata épocas e momentos diferentes da realidade que
Sofia vive. Quando tudo parece real e concreto, o que nos parece ser normal de
uma hora para outra, transforma-se em uma utopia. Quando Sofia descobre que não
é real e que não passa de personagem de uma história, história essa que muda
sua vida, o enredo do livro muda definitivamente e a realidade empírica
mostra-se evidente”. Genial, não é mesmo?
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Eu quero me descobrir personagem também para a minha vida mudar ao sabor de um autor mais humano do que o que está escrevendo a minha história atual. Parece que gastou muitas ótimas coisas nas outras partes e no momento está carente de boas novas.
ResponderExcluir