sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Carambolas com café


* Por Ana Deliberador

Já era meio da tarde e ainda estavam sem almoço! Só de pensar que ainda não haviam terminado a peregrinação daquele dia…

Cansados e famintos, quando viram aquela caramboleira carregada de frutos madurinhos e perfumados, pararam e encheram o “bucho”. Saciada a fome, continuaram pela estrada do sitio, esburacada e poeirenta, até a casa do eleitor.

O marido não estava mas a mulher, com a habitual hospitalidade das pessoas simples, mandou-os entrar pra tomar um café. Tinha muito gosto em receber gente tão importante em casa.
– Se não pedir o meu voto eu não voto, hem?

Entraram na casa e o prefeito, candidato à reeleição, sentou-se no “rabo” do fogão à lenha, próximo à janela, por onde entrava um arzinho.

Bastou um gole do café, doce e fraco, para que a revolução intestinal tivesse início.

Disfarçadamente, enquanto o amigo conversava com a dona da casa, virou todo o conteúdo fervente da caneca de ágate pra fora da janela.
 - Ai! Ai! Ai! – imediatamente se ouviram  gritos de susto e dor.

Pobre do garotinho que brincava no quintal, bem debaixo daquela janela!

* Professora, pintora e escritora


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