sábado, 22 de novembro de 2014

Não temeis...


* Por Emanuel Medeiros Vieira


(Ouvindo “Fado Tropical”)

PARA ADÉLIA – GENEROSO CARVALHO – COM IMENSA SAUDADE


Não temeis a Morte.

E o tempo?

Também não temas essa brevidade infinita, essa linha que não se detém, a ruga, o ritual da passagem – e fostes de uma fortaleza exemplar.

Vivemos um tempo sem tempo.

Sem pausas – de conexões incessantes.

(E de soluços escondidos.)

Perdemos o outro.

Um tempo sem pausas,

e alienados de nós mesmos vagamos.

Já não escutamos os pássaros, já não sentimos o cheiro da grama orvalhada.

Estamos à beira de um precipício de ausências – e de ausência do Humano.

(Brasília, novembro de 2014)

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário