sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Maracujá


* Por Cecília Borges


Um verso cretino comove o dia
e nasce dentro de um amor tão lindo
que é o de gostar sem medir
de esquecer pesos e venenos
contra-cheques e passado
essa coisa minha de ver contente o que é lixo.

Esse é o meu acidente do instante
que dura menos que um minuto qualquer
na estranheza de dois brincos vermelhos
na cumplicidade das veias que borram o nada
Eu, uma cadela que agora não entra no cio!

Receber os desejos da bela mulher
rasgando os anúncios do botequim
ateando fogo nas fábricas nucleares
enfiando o caralho nas convenções conjugais
e fazendo silêncio enquanto atira o RG no ralo
são os gerúndios mais bonitos para ela
que só espera, em incansáveis banhos de maracujá.



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