Negro
* Por Raul Bopp
Pesa em teu sangue a voz de ignoradas origens.
As florestas guardaram na sombra o segredo da tua história.
A tua primeira inscrição em baixo relevo foi chicotada no lombo.
Um dia atiraram-te no bojo de um navio negreiro
e durante noites longas e longas viestes ouvindo o barulho do mar
como um soluço dentro do porão soturno.
O mar era um irmão da tua raça.
Um dia de madrugada, uma nesga de praia e um porto.
Armazéns com depósitos de escravos.
O gemido dos teus irmãos amarrados numa coleira de ferro.
Principiou aí a tua história.
O resto, o Congo longiqüo, as palmeiras e o mar
ficou se queixando no bojo do urucungo.
• Poeta modernista e diplomata
domingo, 6 de maio de 2012
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