* Por Osvaldo Pastorelli
A música bate no ambiente como pedra pontiaguda furando a carne do inconsciente que teima em guardar a saudade de algo que não terei mais.
É uma batida seca em contrapartida com a voz do vocalista aguda extravasando a fúria numa letra incompreensível – não sei inglês – cheia de conotação simbólica de raiva e ódio.
Soa a voz do vocalista em gritos histéricos querendo sobrepujar os instrumentos, principalmente a guitarra solo e a bateria, tornando quase num amalgama só inteligível.
Entrego-me a esse som despudorado, deixo-me levar ao profundo domínio de me sentir num poço raso de angustias e dúvidas e saudades.
E nesse deixar-me levar procuro no horizonte, onde o sol brilha com mais intensidade, um pouco do seu semblante que há muito tempo não o vejo.
Estico meu corpo no deserto vazio de sua alma a flanar por caminhos diferentes ao meu.
E num gesto suave, toco tua pele fresca e sedutora, acariciando a minha cansada de não ter mais a tua.
• Poeta e artista plástico
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