* Por Rodrigo Ramazzini
Na sala de casa, sentado em uma poltrona, o pai lê o jornal. Enquanto, o filho caçula faz um trabalho da escola deitado no chão.
- Pai!
- Hã!
- Paaaai!
- O que é, João Vitor?
- Preciso de ajuda neste trabalho da escola... Estou em dúvida...
- Pede para a tua mãe te ajudar que eu estou lendo o jornal agora!
- Ela não pode...
- Já perguntaste?
- Não! Mas é que é fácil...
Interrompendo a criança, o Pai, então, grita para a esposa que está na cozinha, fazendo a janta:
- Marilane! Ajuda o guri aqui no trabalho da escola...
A esposa (na TPM) da cozinha, responde:
- Tu não estás vendo que eu estou fazendo a janta, imprestável? Por que tu não podes ajudar? Está aí sem fazer nada! Tudo tem que ser eu... Que inferno!
Pai e filho apenas se olham, e após um breve silêncio, começam a resolver o trabalho da escola.
- Qual o problema, meu filho?
- Eu estou em dúvida, pai!
- Fala...
- A professora explicou, mas eu não lembro agora...
- Mas o que é?
- O que é sexo mesmo, pai?
- É... Hã... Hã... É... Melhor perguntar para a tua mãe!
- Ela já disse que não pode, agora!
- É... Hã... É... Como posso explicar... Tem certeza que é sobre sexo que tu queres saber?
- É sim!
O pai, enquanto vai largando o jornal, pensa: “São outros tempos, mesmo! Já se fala em sexo na escola com essa idade... Eu sabia que esse dia iria chegar... mas não imaginava tão cedo!”
- Senta aqui pertinho, meu filho, que o pai explica... Lembra da estória da cegonha? Pois é, não é bem assim...
Depois de esmiuçar o tema com o menino durante meia-hora, o filho, que ouvira tudo sem dizer qualquer palavra, ao final, ainda em dúvida, coçando a cabeça, questiona:
- Mas pai... Eu não entendi uma coisa ainda... O que eu devo marcar no meu trabalho da escola: masculino ou feminino?
* Jornalista e contista gaúcho
Melhor não ir adiante da questão.
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