terça-feira, 26 de maio de 2009


Visão feminina

É fascinante a visão que as mulheres têm do mundo. Refiro-me, aqui, especificamente, às escritoras. Contudo, mesmo as que não contam com este talento, enxergam a vida por um prisma um tanto diferente do masculino: mais objetivo, mais preciso, mais ordenado, mais piedoso e mais justo e, sobretudo, muito mais sensível.
Pena que, por tanto tempo, elas fossem privadas de divulgar sua produção literária. Sim, porque, embora por séculos as mulheres fossem privadas até de instrução, das primeiras letras, em decorrência de preconceitos estúpidos e sem sentido, muitas produziram literatura e de primeiríssima qualidade. Não puderam, no entanto, publicá-la em livros.
Até passado recente, eram escassas as obras escritas por mulheres. Podem ser citadas, grosso modo, George Sand (que a despeito do pseudônimo masculino, era escritora), Madame Stael e uma ou outra mais, como Virginia Woolf, Florbela Espanca e a nossa Júlia Lopes de Almeida.
A partir do século passado, porém, com as conquistas femininas de direitos (inalienáveis) em praticamente todos os campos de atividade, seu talento, finalmente, veio à tona. E luziu intensamente. Dessa forma, pudemos conhecer a literatura de primeiríssima linha de uma Selma Langeroff, Gabriela Mistral, Emmily Dickinson, Pearl Buck, Cecília Meirelles e tantas e tantas outras.
E, mais atualmente, entramos em contato com textos e mais textos, sensíveis, competentes e fundamentais, de Ligia Fagundes Telles, Rachel e Dinorah de Queiroz, Adélia Prado, Zélia Gatai, Cora Coralina, Edla von Stein, Agustina Bessa-Luís, Marguerite Yourcenar, Simone de Beauvoir, Françoise Sagan, Agatha Christie (campeoníssima de produção e venda de livros) e tantas e tantas e tantas outras.
Que tremenda oportunidade nós perdemos de nos ilustrarmos mais e melhor por tanto tempo! E tudo por causa de uma visão distorcida, preconceituosa e burra desse ser tão especial, sábio, sensível e nobre que é a mulher! Há, é verdade, muita coisa ainda para elas conquistarem. Persistem, em várias partes do mundo, bolsões de preconceitos e de um patriarcalismo arcaico e burro. A despeito das publicações recentes, elas ainda são imensa minoria no mundo editorial. Mas não por muito tempo (espero).
O Literário, porém, conta com um time feminino dos mais expressivos e respeitáveis, que lhe garante o brilho, o talento, a sensibilidade e o padrão de qualidade que o caracterizam: Aliene Coutinho, Celamar Maione, Laís de Castro, Evelyne Furtado, Sayonara Lino, Risomar Fasanaro e Solange Sólon Borges. É pequeno, em número? De fato, é. Mas com o tempo, será reforçado com novas, brilhantes e inteligentes escritoras, do nível das que temos, que certamente se juntarão a nós. Quanto à garra, criatividade e talento das nossas colunistas... Não há o que se discutir. Só há que se constatar. São incontestáveis! Confiram.

Boa leitura.

O Editor.

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2 comentários:

  1. Grande lembrança, a da literatura feminina, que nos traz uma visão diferente, inovadora, de um mundo que elas desvendam sem brados de heroísmo e, no entanto, são revolucionárias como quê! Ponto no currículo, caro Pedro. Parabéns.

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  2. Prezado Pedro

    Como é gratificante contar com um Editor que nos incentiva e valoriza nossos textos! Chego a me emocionar ao constatar o carinho que você dispensa a cada um dos colunistas. Carinho que se percebe na escolha das ilustrações que tanto valorizam nossas palavras.
    Obrigada, Pedro! E saiba que mesmo não comentando, estou sempre atenta, lendo suas crônicas e todos seus editoriais, e agradecendo cada palavra ali posta.
    Forte abraço,
    Risomar

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