segunda-feira, 18 de maio de 2009


Questão de interpretação

Um dos maiores problemas enfrentados pelos profissionais do texto (incluindo, aqui, e diria que “principalmente”, o escritor) é a maneira como quem lê interpreta o que escreveram. Muitas vezes você defende determinada tese e o leitor entende que a atacou e vice-versa. Na maior parte desses casos, o fato se deve à falta de clareza do redator. No entanto... nem sempre.
Há casos em que você é conciso, direto, claro e ainda assim lhe atribuem intenções que você, na verdade, nunca teve. Não há como evitar. É um dos riscos que você corre ao partilhar pensamentos e sentimentos com pessoas que você não conhece (e que provavelmente jamais conhecerá). Na maior parte das vezes, essa interpretação equivocada não lhe traz nenhum prejuízo (a não ser um ou outro pequeno aborrecimento). Contudo... há ocasiões em que isso se torna grave, gravíssimo.
Não é o nosso caso, por exemplo, em relação aos editoriais do Literário. Todavia, sinto que alguns interpretaram de maneira equivocada estas introduções às edições diárias da nossa revista. Há quem insinue que o editorialista tem a pretensão “de ensinar” os freqüentadores deste espaço a escrever. Quem pensa assim, contudo, está equivocado. E mais, não consegue nem mesmo interpretar corretamente o que lê.
Ponderemos: esta é uma revista voltada exclusivamente à Literatura, como o próprio nome indica. Ora, do que mais deveria tratar, da primeira à última página, se não dessa matéria? De política? De futebol? De moda? Claro que não.
Se há na internet um espaço adequado para comentar problemas e soluções que envolvem a atividade do escritor, é este. Ademais, o editorialista nunca pretendeu e nem pretende assumir a postura de “dono da verdade”. Há quem defenda, até, que nossa revista não tenha editorial. Se não tivesse, contudo, perderia sua característica. Os textos seriam, simplesmente, “jogados” na página (como eram antes) e, por melhores que fossem, acabariam desvalorizados. Seria, pois, uma tremenda falta de respeito com os colunistas e colaboradores.
Uma edição desastrada arrasa com o melhor dos textos (e qualquer editor que se preze sabe disso). Claro que seria mais fácil e mais rápido. Mas, reitero, seria um imenso desrespeito em relação àqueles que nos brindam diariamente com as luzes do seu talento e saber. Todavia, uma edição cuidadosa, inteligente e feita com capricho dá relevância e valor até ao mais vazio dos textos. Torna-o acessível, palatável e legível.
Poderíamos, é verdade, escrever, para ancorar nossas edições diárias, editoriais “neutros”, inofensivos, mero bla-bla-blá, como tantos outros que se lêem por aí afora, em jornais e revistas. Mas isso seria mero desperdício de espaço.
Por isso, deixo claro que ninguém quer ensinar ninguém a escrever. Ademais, se houvesse essa intenção, isso sequer seria feito (creiam) de graça. O que se pretende é estabelecer um fórum de debates sobre Literatura, intenção essa que, pelo menos até aqui, não passou de mero desejo.
Ademais, quem não concordar com a postura do editorialista tem à sua disposição todo espaço de comentários (e pode fazer quantos quiser) onde tem a chance de externar sua opinião livremente, sem vetos e sem censura (desde que o faça, claro, da maneira civilizada exigida por uma revista desta natureza, voltada à inteligência e à cultura).

Boa leitura.

O Editor.

2 comentários:

  1. Pedro, sinceramente, estou muito satisfeita com o Literário, acho que está cada vez melhor. O Editorial elaborado por você acrescenta, valoriza o espaço! Por mim está tudo ótimo! Parabéns pela dedicação! Abraços!

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  2. Meu lamento é um só: poucos comentários. O restante está bem. Os editoriais têm um jeito de professor sim, mas eu não ligo. Sempre há o que aprender, como disse num comentário de um outro editorial. A lição que não me servir, eu não a utilizarei. Sou favorável a manutenção dos mesmos.

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