sábado, 23 de maio de 2009




Olhos elétricos

* Por Ademir Assunção

ponta de pedra aguda
faces rasgadas, bétulas amargas

você me diz psiu, violência
no jeito de piscar as pálpebras

pássaros tristes entre cães aprisionados
enfim vivemos num cenário

onde crianças com olhos elétricos
vasculham os bolsos de lady solidão

musas sádicas me acariciam
com unhas de gilete

lábios em came-viva, mil beijos
de medusa — strippers que após a roupa
arrancam a própria pele

e você vira as costas, arrasta-se
como um mamute pelo corredor

arremessando um "boa noite" que me acerta em cheio na testa

* Jornalista e poeta

3 comentários:

  1. Achei a foto inadequada por apresentar nitidamente alguma doença ocular.

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  2. Poema intenso, febril, dotado de uma força bruta que atinge a alma e a fere. Impossível ficar indiferente a tal erupção de sentimentos.

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  3. É preciso ser muito poeta para tirar de uma circunstância assim tão trivial, fugaz, poesia madura, sem uma palavra a mais e prenhe de significados. Parabéns!

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