Natal da crise
O Natal que se avizinha, a ser
celebrado no próximo domingo, na maioria dos lares brasileiros, é mais de
incertezas quanto ao amanhã, que se desenha com perspectivas sombrias
(sobretudo para os mais de doze milhões de desempregados) do que de
comemorações. Os que ainda dispõem de recursos, podem festejar, posto que agora
com mais moderação, em virtude da crise. Estatísticas acerca de vendas
demonstram que este Natal está sendo um dos mais difíceis dos últimos anos para
os brasileiros. Principalmente para aqueles que, mesmo em períodos de “vacas
gordas”, têm dificuldades para tornar esta data diferente das demais do seu
penoso cotidiano.
Todavia, por se tratar da celebração de
um aniversário, o do nascimento daquele que veio ao mundo pregar uma mensagem
de paz e de solidariedade entre os homens, é lícito que aqueles que podem,
festejem, sim, a ocasião. Seria desejável, igualmente, que esses que possuem
condições para festejar, praticassem uma boa ação e contribuíssem para que os
desvalidos que os cercam tivessem ao menos um dia, um único do ano, de sonho e
de fantasia. Que houvesse, ao menos, o que comer em suas mesas, já que em
muitas, alimentos sofisticados e, às vezes, até impróprios para nossas
condições de clima, não apenas abundam, mas acabam sendo esbanjados.
Quem experimentar agir dessa forma verá
a enorme satisfação íntima que irá sentir. Essa sensação de utilidade, de ter
feito alguém sorrir, de haver conseguido, ao menos, uma imitação de felicidade,
é indescritível. Os que já a experimentaram sabem como ela é boa. Para aqueles
aos quais a vida não tem sido pródiga em satisfações, ultimamente – a maioria
dos brasileiros está nessa condição desde o nascimento – o conselho ideal está
contido nos versos do poeta Gonçalves Dias, na “Canção do Tamoio”:
“Não chores meu filho;
não chores que a vida
é luta renhida,
viver é lutar.
A vida é combate
que os fracos abate,
que os fortes, os bravos
só pode exaltar”.
O jeito é não se deixar abater pelas
dificuldades, por piores que sejam as circunstâncias, pois o mesmo acaso que
atua contra as pessoas, lhes trazendo surpresas sumamente dolorosas, age, às
vezes, a seu favor, mudando toda a sua biografia. Ninguém tem o direito de
abrir mão da esperança, embora ela, isoladamente, sem uma ação concreta que a
acompanhe, jamais mudará para melhor a situação de ninguém. Que este ano
crítico seja deixado para trás e ninguém sofra por antecipação com as
dificuldades potenciais vindouras.
Sobretudo, que todos tenham um feliz
Natal. O depois será o capítulo da biografia de cada um, que será escrito de
acordo com o seu ânimo de ser forte, e não se deixar abater, ou fraco, e ser
esmagado pela vida.
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Um novo ciclo começa. A crise tende a se estabilizar.
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