"Anjos da Floresta"
* Por
Mara Narciso
O escultor Walmir
Alexandre, eterna fonte de ideias e imagens, sacia regiamente a nossa fome do
belo. Suas esculturas possuem estética que preenche nosso desejo de ir além das
necessidades básicas, levando-nos ao estado mágico da contemplação, atitude um
pouco esquecida, considerando-se o “tarefismo” e a pressa tão em moda. Uma
inútil moda.
O que seria de nós sem
a arte? No que depender de Walmir Alexandre, a teremos em profusão. Suas
esculturas em argila, cobertas com tintas naturais agradam aos bons paladares.
O artista acabou por mencionar a base essencial da sua criação, inspirada em
grafismos e na Natureza, e que na verdade estava sendo gestada há meses, a
partir de imagens separadas e cujo casamento frutificou em algo inspirado, raro
e agradável.
Neste sábado, 10 de
dezembro, o artista plástico abriu seu ateliê para mostrar a sua fase “Anjos da
Floresta”, na qual aborda a cultura indígena e a sua rica estética. Para ele,
as aves são as figuras mais puras da Terra e representam o eterno sonho humano
de voar.
Partindo dessa ideia,
somando-a com a imagem de crianças, Walmir Alexandre entrou numa nova fase
criativa, fazendo surgir da argila o rosto de meninos cuja moldura facial são
asas de aves silvestres de todo o território nacional e alhures, alcançando um
efeito espetacular. Faz-nos imaginar anjos, os meninos alados, mas ele afirma
que as aves é que são anjos.
As sete esculturas que
fez estão ali expostas, exceto uma que foi vendida para fora. A escultura
partiu, mas foi perenizada em foto. Assim, lá estão as seis restantes, belas
pela força da imagem e do significado, enfeitando o mundo, seu principal
efeito.
O escultor é assim um
pouco mago, um pouco santo. Sua singeleza cativa à medida que manifesta seus
vários dotes artísticos, pois esculpe, pinta e escreve prosa e poesia.
Se dizendo tímido,
sonhador e místico, agora, com seu ateliê reformulado, Walmir Alexandre pode
expor a sua arte forte e vigorosa, conquistando a crítica favorável e a sua
devida valorização no mercado, que ainda não lhe fez justiça integral. Está
aberta a caça às aves, mas apenas a imagem fica aprisionada. Os verdadeiros
animais voam ao longe em perfeita liberdade. Esta é a sua fé.
OBS: Estou lendo aqui
comentários técnicos sobre a arte de Walmir Alexandre, e os entendidos dizem
que ele é ceramista, não escultor, como eu o chamei. Para mim, o fato de ele
arrancar do barro essas faces maravilhosas, todas diferentes, é esculpir. E
tenho dito.
*Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
Bem esculpido texto, Doutora Mara. De parabéns você e o Walmir Alexandre.
ResponderExcluirObrigada, Marcelo. Ando tentando escapulir de definições e classificações restritivas.
Excluir