Redes
sociais cibernéticas, pancadas do tempo das cavernas
* Por
Mara Narciso
As primeiras salas de
chat, com seus precários recursos de identificação como nickname e cor,
disponibilizava aos usuários opções por idade e interesse, sem som, e imagens
nas salas de sexo. Quem queria formar um par buscava os chats de idade. Nelas
era possível falar para todos que estavam na sala (brigas e xingamentos eram
comuns, e quando a pessoa chegava ou saía, aparecia uma expressão: fulano
entrou na sala, ou sicrano saiu da sala.) As mulheres vistas como sérias, só
falavam “no aberto”, e se sentiam insultadas quando algum homem as chamava para
conversar no reservado. Os frequentadores entravam às mesmas horas, mantendo
nicks e cores para se fazerem conhecidos. Muitos casamentos começaram e
terminaram naquelas salas. Cenas de ciúmes eram comuns entre mulheres que
disputavam homens cobiçados por se destacarem nas conversas. Quando se entrava
na sala, a abordagem era: quer teclar?
Imagem só por e-mail,
escaneada do papel. Foto desfavorável causava o fim do papo. O sexo virtual
acontecia nas salas mais vazias. Caso houvesse um entendimento, as conversas
iam para o telefone. O e-mail era onipresente e a pessoa conferia a sua caixa a
todo instante, buscando notícias do namorado. O primeiro encontro podia ser uma
trombada num poste. Uma vez e nunca mais. Vieram as videocâmaras, que reduziram
as expectativas e apimentaram o sexo virtual, seguidas pelos crimes de
chantagem, com ameaças de divulgação de vídeos gravados sem autorização.
Houve o tempo do ICQ,
que eram salas de chat primitivas, com barulho irritante de mensagem chegando.
Depois chegou o Messenger ou MSN, melhor para conversar, e que depois
possibilitou montagem de álbuns, grupos de amigos e perfis. As pessoas
escolhiam com quem falar, sendo possível mostrar o status (disponível, ausente
e ocupado), com brigas, quando o outro não respondia. Conversar com várias
pessoas ao mesmo tempo ficou possível, com mais ciúmes e mentiras.
Veio o Orkut
(sobrenome de um israelense), que, inicialmente, era uma rede de amigos de
classe alta, sendo exigido um convite para a nova pessoa entrar. Trouxe
novidades como imagens em movimento, vídeos e pesquisa por assunto. Artistas
produziam conteúdo para o site, com mensagens edificantes, bíblicas,
filosóficas, de amor, de bichinhos e crianças, logo consideradas cafonas.
Fazia-se a própria
apresentação, e participava-se de “comunidades”, onde as pessoas se agrupavam
conforme o interesse e brigavam (feio). Não havia moderação, e o “dono” fazia
uma advertência ou expulsava o brigão. Surgiu uma ferramenta que possibilitava
saber quem visitava o perfil, porém, e caso se escolhesse ver, teria de ser
visto também. Havia livre acesso por todo o site. Depois vieram bloqueios de
fotos para grupos de amigos. Os fakes (perfis falsos) já eram rotina. Surgiu o
chat no site (verde e vermelho, livre e ocupado), e depois a webcam.
Colocava-se o endereço do blog, na página de apresentação (longo formulário).
Naquela época, quase todos tinham um blog, em sua maioria, secretos.
A era de Facebook,
Twitter, WhatsApp, Instagran, Google + e outros, entrou com força, depois da
popularização do smartphone e internet móvel. Os até mil contatos do Orkut
(fora do ar desde o ano passado) ficaram irrisórios diante dos cinco mil do
Facebook. Uma só pessoa pode ter vários perfis numerados, além da fanpage. Há
ainda o chat interno, mais conhecido como inbox, que pode ter imagens
simultâneas, vídeos, figurinhas animadas, e fotos em quantidades ilimitadas. A
publicidade mantém o site. A moderação é feita pelos usuários, que reclamam
abusos, sendo que o infrator recebe advertência ou bloqueio por um mês ou
exclusão. As oportunidades profissionais, de amizade, e namoro mostram-se como
numa vitrine, às vezes de faz de conta, com possibilidades para todos.
Não raro, e sem
motivo, pode-se ser convidado a sair com um desconhecido que tenha sido
adicionado por ser amigo do amigo. O perfil pode ficar com parte oculta para
alguns contatos, conforme a configuração de privacidade. Ou ser totalmente
escancarado. Quando a amizade acaba, deleta-se o ex-amigo, e quando ele se
torna um estorvo, é bloqueado e aos seus olhos, desaparece do site.
O Facebook
disponibiliza jogos e grupos, sendo que a matemática de cruzamento de dados
quantifica o grau de interação. O site joga no seu feed de notícias (página
inicial), postagens de pessoas que mais fazem trocas com você. Pode-se seguir
ou ser seguido. Nada é aleatório ou por acaso, havendo uma lógica para
aproximação e afastamento.
Relacionamentos
começam ou acabam na rede. Sites de namoro como Par Perfeito e Badoo
sofisticam-se a cada dia, mas os instintos continuam primitivos. A figura
típica é a da mulher ciumenta rastreadora incansável, que mede os passos do
parceiro e os das possíveis rivais. E quando a soma de um mais um dá dois,
invade o telefone do infiel. Muitas preferem curar o ciúme virtual dando uma
surra real na adversária, com arma contundente ou da forma mais feminina: de
unhas e dentes, com puxadas de cabelo.
*Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
É curioso perceber como o sexo move tantas pessoas. E não há melhor prova do que os sites de encontros e namoro online. De ano para ano, o número de utilizadores destas plataformas tem crescido imenso. Porquê? Há várias vantagens que levam as pessoas a optar por este caminho. Deixo aqui um post se quiser ler caso queria saber mais sobre o assunto: http://www.estrategiadigital.pt/sites-de-relacionamentos-as-vantagens-que-conquistaram-os-brasileiros/
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