O Salomão do futebol
* Por
Mouzar Benedito
O time de futebol de
Santa Rita Velha estava jogando na vizinha cidade de Presépio, contra seu
tradicional adversário, o Presépio Sport Club. A bola, velha e meio torta, meio
oval, não atrapalhava em nada a qualidade do jogo. Combinava bem com a forma de
jogar dos dois times.
Aos quarenta minutos
de jogo, a bola sobrou pingando para o centro-avante Cavadeira, de Santa Rita,
que encheu o pé, chutou com toda força mas o goleiro estava bem colocado e
pulou, agarrando a “redonda” no peito.
Acontece que a bola
não resistiu. Ao bater no peito do goleiro, estourou, e ele ficou segurando só
o capotão, enquanto a câmara de ar saltou para dentro do gol. Aí começou a
discussão.
Os jogadores de Santa
Rita começaram a comemorar, gritando que valia, era a câmara de ar, enquanto os
de Presépio afirmavam que o capotão era que valia e este o goleiro pegou. Os 22
jogadores e mais os reservas falavam sem ninguém ouvir:
— O que vale é a
câmara…
— Não foi gol não, o
capotão não entrou…
Quando já estavam
partindo pra briga foi que o juiz resolveu fazer valer sua autoridade:
— Prrriiii, prrriiii,
prrriiii… — apitava alucinado para chamar a atenção dos jogadores, até que
resolveram ouvi-lo.
— Quem entende de
regra aqui sou eu. Eu é que sei o que vale e o que não vale.
— Então como é que é?
É gol ou não é?
— Tá na regra: quando
a câmara de ar entra e o capotão não entra, vale meio gol!
Foi o único jogo até
hoje que terminou meio a zero.
Livro Serra,
Mar e Bar
* Jornalista
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