Melhor que beija-flor
* Por
Mouzar Benedito
Quando o centroavante
Dario, também conhecido como Dadá Maravilha, marcou um gol de cabeça em que deu
a impressão de ficar alguns segundos parado no ar, esperando a bola, logo
depois do jogo fez uma declaração folclórica:
— Só três coisas param
no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha.
Mas Zeca, o pescador e
caçador mineiro que garante nunca ter contado uma mentira, achou pouco:
— Já fiz muito melhor
que isso.
Para os descrentes,
contou uma história que, segundo afirma, teve várias testemunhas. Infelizmente,
a única viva morando no Paraná, em lugar que ele mesmo não se lembra.
— Eu era novo — disse.
— Fomos pescar no Sapucaí e saímos pela margem esquerda do rio, procurando um
pesqueiro bom. A certa altura, havia um afluente com uns dois metros de
largura, mas muito fundo. A gente tinha que pular esse corguinho pra chegar no
pesqueiro…
— Bom, e daí? —
provocou alguém.
— Daí que eu afastei,
corri pra pegar embalo e pulei. Quando eu tava bem no alto, no meio do corgo,
vi uma urutu do outro lado, bem onde eu ia cair. A bicha tava de boca aberta,
me esperando. Dei uma reviravolta no ar, voltei e caí no mesmo lugar de onde
tinha pulado…
Do livro “Memória
vagabunda”.
*
Jornalista
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