domingo, 5 de outubro de 2014

Melhor que beija-flor


* Por Mouzar Benedito

Quando o centroavante Dario, também conhecido como Dadá Maravilha, marcou um gol de cabeça em que deu a impressão de ficar alguns segundos parado no ar, esperando a bola, logo depois do jogo fez uma declaração folclórica:

— Só três coisas param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha.

Mas Zeca, o pescador e caçador mineiro que garante nunca ter contado uma mentira, achou pouco:

— Já fiz muito melhor que isso.

Para os descrentes, contou uma história que, segundo afirma, teve várias testemunhas. Infelizmente, a única viva morando no Paraná, em lugar que ele mesmo não se lembra.

— Eu era novo — disse. — Fomos pescar no Sapucaí e saímos pela margem esquerda do rio, procurando um pesqueiro bom. A certa altura, havia um afluente com uns dois metros de largura, mas muito fundo. A gente tinha que pular esse corguinho pra chegar no pesqueiro…

— Bom, e daí? — provocou alguém.

— Daí que eu afastei, corri pra pegar embalo e pulei. Quando eu tava bem no alto, no meio do corgo, vi uma urutu do outro lado, bem onde eu ia cair. A bicha tava de boca aberta, me esperando. Dei uma reviravolta no ar, voltei e caí no mesmo lugar de onde tinha pulado…

Do livro “Memória vagabunda”.

* Jornalista


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