segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Bom dia tristeza. A vida continua

* Por Mailza de Mello Foucher

Nosso grande arquiteto encerrou sua ultima obra e se despede da vida... Oscar N. foi o grande arquiteto que conseguiu desarmar o concreto com a sensibilidade de suas mãos... Elas desenharam belas formas.

Visitar as obras de Oscar Niemeyer era um percurso atrás da beleza que se perdia na sinuosidade das curvas...

Oscar Niemeyer é hoje nosso maior monumento, o orgulho de toda uma nação. Ele era um teimoso utópico que sonhava com uma sociedade mais igualitária. Ele sempre dizia que sua revolta contra as injustiças permanecia invariável. O grande idealista morreu comunista.

Eu tive o imenso prazer de conhecê-lo aqui em Paris, recordo que em uma de suas vistas, um jornalista parisiense comunista lhe perguntou: Como um comunista, ateu tinha construído uma igreja ao lado dos 3 poderes na capital do Brasil. E ele com um sorriso nos lábios lhe respondeu que seu povo tinha fé e como arquiteto da capital do Brasil ele não podia deixar de lado essa manifestação popular da fé. Logicamente o jornalista não entendeu grande coisa... O que é sem ambigüidade e sem contradição só capta um lado da realidade.

Assim era Oscar Niemeyer, ele sempre conseguiu captar as contradições do mundo em que vivia e sempre foi alvo de intenso debate, que seja em torno de sua obra, que seja em torno de sua postura ideológica.

Triste início de dia, mas a vida continua! Milhões de seres humanos teimosos como Oscar Niemeyer continuarão sonhando e batalhando por um mundo melhor.

Paris 5 de dezembro 2012


* Doutora em economia pela Sourbone, especializada em desenvolvimento territorial integrado e solidário, Marilza De Melo Foucher vive há mais de 30 anos em Paris. A despeito da pele clara, essa franco-brasileira se reivindica como cabocla de Boca Acre, filha legítima e incontestável da riqueza genética Amazônica

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