Enladeiradas
ruas
* Por
Talis Andrade
Subindo
colinas
e
ruas
as
meninas
engrossam
as
pernas
Descendo
colinas
e
ruas
as
meninas
entortam
os
pés
Cabisbaixas
as
meninas
passam
levando
terço
e
missal
Em
Olinda
cada
rua
tem
começo
em
uma igreja
Fardadas
de
azul
levando
cadernos
e
livros
as
meninas
espairecem
nos
caminhos
das
escolas
Nas
escolas
dos
monges
e
freiras
não
se sabe bem
o
que se ensina
o
que se aprende
A
vida em Olinda
se
inteira nas praças
se
doutrina nas ruas
Toda
menina deseja desfilar
pelas
tortas ladeiras
como
porta-bandeira
Sonho
fácil a conquistar
Cada
casa em Olinda
virou
sede de troça
Cada
casa em Olinda
trocou
a imagem benta
de
um santo
por
um boneco gigante
Em
Olinda
em
cada beco
um
bloco
Em
cada rua
um
clube
As
meninas se espalham
pelas
praças e paços
Em
Olinda
não
falta espaço
para
o passo do frevo
---
Do
livro Vinho
Encantado
*
Jornalista,
poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em
História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como
a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do
Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A
República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o
recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
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