Meia-noite
* Por
Francisco Simões
Meia-noite, meia-lua,
Meio
tom, meia verdade,
Meia
paz pela cidade,
Meio
trânsito na rua.
Passos
meio hesitantes,
Braços
meio picados,
Copos
meio bebidos,
Corpos
meio tombados.
Meio
cigarro apagado,
Meio
jornal esquecido,
Meia
luz e dois amantes,
Meio-fio,
dois assaltantes.
Um
calor meio atrevido,
Uma
janela meio aberta,
Um
corpo meio despido
E
uns olhos meio alertas.
Meia-noite, meia
hora,
Meia
lua, meia volta,
Meio
mundo dorme agora,
Meia
polícia na escolta.
O
morro meio às escuras,
A
vida meio assustada,
Silêncio,
meio amargura,
Uma
paz meio acuada.
Meio
banco faz um leito,
Meio
jornal, cobertor,
Meio
olhar é preconceito,
Meia
ajuda é pouco amor.
Tiroteio,
meia-paz rompida,
A
escuridão meio riscada,
É
uma bala inteira perdida
E
uma vida inteira apagada.
Meia-noite, meia
lua,
Meia
rua vermelho manchada.
*
Jornalista,
poeta e escritor.
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