Observações
aos ladrões do Brasil
* Por
José Calvino
"
Nas
minhas observações sobre os ladrões do Brasil, lembro que o pobre
de antigamente se chamava “Ladrão de Galinhas”. Na
verdade, tratava-se do morador de favelas. Parece que estou vendo
quando um maloqueiro de nome Amaro (falecido), com uns quatro milhos
na palma de uma das mãos e com os dedos indicador e médio abertos,
entoava o “refrão” que usavam chamando as
galinhas:“ti-ti-ti-ti...”, no quintal lá de casa (que dava para
um beco próximo à primeira escadaria do Morro da Conceição)!
De
certa feita, quando uma delas veio comer o milho, o dito cujo
apertou os dedos no pescoço da mesma, estrangulando-a e saiu
correndo pela escadaria do Morro quando eu, então um menino, gritei:
“Ladrão
safado, ladrão de galinha”.
Muitas
dessas galinhas andavam soltas, então os maloqueiros se
aproveitavam e recolhiam os ovos nos ninhos que ficavam nos matos
perto de casa. Mamãe dizia ao meu irmão mais velho e a mim: “
Não
tirem os ovos dos ninhos das galinhas dos outros, pois elas têm dona
e isto é furto”.
E
nós obedecíamos. Os ladrões daquele tempo, para a sociedade,
eram apenas os de galinhas. Mas ignoravam que havia os
corruptos e vendilhões da pátria, e a polícia só prendia a
juventude pobre das favelas de todos os estados do Brasil. Com
uma frase infeliz: “bandido bom é bandido morto”!
Quem
estava doido de dizer que um general, desembargador, juiz de
direito... era ladrão? E, se assim o fizesse era logo considerado
como “comunista”. Lembro-me bem quando um delegado de polícia
disse a um agente policial (investigador na época) que foi
reivindicar aumento, curto e grosso: “Vocês
já não têm carteira de polícia e revólveres? Então
pra que aumento?”
Ora,
isso então dava a entender o quê? Na ditadura militar a polícia
recebia o ordenado mensal atrasado, passava praticamente dois meses
para receber o do mês anterior. Aliás, aqui (Pernambuco) está
ficando quase assim, vejo a hora de voltar a pagar como na perversa
ditadura militar.
Retorno
a dizer: é muito
fácil ficar em cima do muro e criticar. Onde estão aqueles que
patrocinam o Clube Carnavalesco “O Galo da Madrugada”, que sai do
Recife nos carnavais arrebanhando uma multidão incalculável? Por
que
nunca se rebelaram contra qualquer desgoverno? Será
que ninguém ainda não percebeu? É
notório que os três poderes (Legislativo, Executivo e
Judiciário) há anos estão corrompidos e que os cidadãos estão
reféns dos desmandos de quem deveria defender seus direitos.
Não
vejam, leitores amigos e amigas, cinismo de minha parte em julgar-me
com mais experiência do que os demais que eu conheço, com exceção
de certas amizades, os chamados: “ricos ou metidos”, geralmente
(querem saber quem é quem). Eu desde pequeno sou muito popular,
tenho os meus erros, não resta a menor dúvida, frequento sempre
lugares simples e venho observando que infelizmente o bom é sinônimo
de otário e o sabido é o que é orgulhoso. É um problema sério,
eu me revolto, mas estou conseguindo sobreviver de não ser tão
“otário”. O meu defeito talvez possa ser transformado em
virtude. Não acredito nesse Deus que muitos usam e abusam enquanto
só pensam no dinheiro que nos roubam (os politiqueiros). E para
suportar esses vermes, para sentar-me com eles e elas à mesma mesa,
foi um dos motivos de minha pessoa não ter brincado o carnaval deste
ano. Eles e elas se fazem de “amigos”! Mas, amigos sinceros são
a coisa mais difícil do mundo. Aquele que lamenta as dificuldades de
minha jornada? Não tenho encontrado, vivo a minha vida como a poesia
Viver:
Só
com poesia
essa caminhada sua
a chuva molhando
as flores, as árvores...
À vida é jovem e poética
é como o espírito que renova.
Viver
esta vida nova.
Cheguei do Caminho.
Estou feliz!
Vale a pena viver!
essa caminhada sua
a chuva molhando
as flores, as árvores...
À vida é jovem e poética
é como o espírito que renova.
Viver
esta vida nova.
Cheguei do Caminho.
Estou feliz!
Vale a pena viver!
Se
muitos entre vós se acham seres humanos, muitos, tenho
certeza, ainda não são. São uns disformes vagueando
inconscientemente, esperando que o ano novo comece após o carnaval.
No desempenho dos meus trabalhos sempre procuro mostrar as minhas
observações e reminiscências sobre os problemas que enfrentamos.
Mais das vezes, não é uma boa solidão? A maioria brinca carnaval
(sem emprego e sem estudo). Quem ganha com isso são os governantes
federal, estadual e municipal! Povo mal educado e sem educação tem
o governo que merece e é isso que os politiqueiros gostam: “Olha
como o meu povo está contente”!
O
que eu desejo, mesmo, é que vocês, leitores, percebam que esses
politiqueiros (da pior espécie) estão prejudicando o povo
brasileiro há muito tempo e para isso releiam, por exemplo, “O que
eu sei dos maus governantes do Brasil”, eles que se aproveitam de
nossa incultura.
Finalizo
com uma mensagem do ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham
Lincoln: “É
possível enganar parte do povo, todo tempo. É possível enganar
parte do tempo todo povo, mas jamais se
enganará todo povo, todo tempo”
*Escritor
pernambucano.
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