Kintarô
* Por Daniel
Santos
Desde que as feras se insurgiram contra
o sábio, ele se entocara sem idéias numa gruta, onde acudiu-o a suprema
ventura: sonhou com Kintarô, um menino todo de ouro. Ao despertar, olhos
vazados pela graça, o pequerrucho engatinhava à sua volta!
O eremita conheceu, então, a
felicidade. Ou quase. Porque os urros continuavam dispersando-lhe as idéias.
Pior: certa manhã, deu por falta da criança. Ao olhar para a floresta,
franziu-se de desespero ao ver o menino, risonho e inocente, entre as bestas!
E aconteceu: com a magia dos dedinhos, acarinhou as feras
até adormecerem – mansas, enfim! Correu, depois, ao velho que o acolheu como quem resgata o ouro das próprias idéias.
Num abraço, fundiram-se para sempre – o sábio e Kintarô.
(Livre
criação sobre mito japonês)
* Jornalista carioca. Trabalhou
como repórter e redator nas sucursais de "O Estado de São Paulo" e da
"Folha de São Paulo", no Rio de Janeiro, além de "O Globo".
Publicou "A filha imperfeita" (poesia, 1995, Editora Arte de Ler) e
"Pássaros da mesma gaiola" (contos, 2002, Editora Bruxedo). Com o
romance "Ma negresse", ganhou da Biblioteca Nacional uma bolsa para
obras em fase de conclusão, em 2001.
Adquiriu uma conformação mágica e encantou.
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