sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A mudança

* Por Rodrigo Ramazzini


Diálogo entre a Coragem e o Medo.
- Por quê, Medo?
- Por quê? Por que o quê?
- Por que existes? Por que me atazanas deste jeito?
- Sou apenas quem te gera a dúvida, Coragem.
- Eu sei que essa mudança será para melhor, Medo. Sentir-me-ei em paz se fizeres isso. O meu coração me diz que estou certo. A situação atual está me torturando.
- Será? Será que não estás reclamando de “barriga cheia”?
- Não! Tenho certeza.
- Vais largar essa “zona do confortável” na qual te encontras? Onde conheces tudo a sua volta?
- Sim!
- Mas estás tão acostumada a viveres assim, Coragem.
- Eu sei! Por isso mesmo quero mudar. Não agüento mais.
- Pense no abismo que encontrarás se mudares. No desconhecido.
- Estou disposta a enfrentar tudo, Medo.
- Sabes que eu rejo o amanhã.
- Sei! Mas estarias aqui de qualquer maneira, Medo. Quem sabe do amanhã?
- E se estiveres errado? A culpa será só tua.
- Eu sei. Mas não posso deixar de trilhar o meu destino.
- E será que o destino é para ser trilhado, Coragem? Será que o certo não é deixar as coisas naturalmente acontecerem? Mudarem sozinhas?
- Quem tem essa resposta?
- Olhe a sua volta. A maioria acredita que o destino é para ser vivido como nos foi “escrito”?
- É verdade! Mas dos que ousaram mudar, muitos encontraram a felicidade.
- Mas muitos a tristeza.
- Tens razão!
- Então! Volto a falar. Pra que mudar a tua vida deste jeito?
- É que... Eu tenho certeza que será bom pra mim!
- E se te arrependeres?
- Daí... Daí.. Eu...
- Viu! Não sabes. Arrependendo-te não poderás voltar atrás...
- Daí eu mudo de novo...
- Fale sério, Coragem. Estamos aqui tendo uma conversa franca e tu vens com brincadeiras. Se mudares uma vez já está difícil, imagina a mudança da mudança. Siga o conselho desse teu velho amigo. Deixe as coisas como estão. De repente elas mudam por si sós, pois bem sabes, nada é definitivo nesta vida.
- Será, Medo?
- Claro! Coragem. Vai por mim. Há pessoas que sofrem muito mais que tu, e nem por isso mudam. Resista!
- Acho que vou deixar tudo como está mesmo, Medo.
- Isso, rapaz! Assim que se fala...
- Obrigado pela ajuda!
- O que é isso! Estarei sempre aqui. Vamos indo?
E saíram abraçados.

* Jornalista e cronista


Um comentário:

  1. Os dois lados da mesma moeda. Interessante que quem queria mudar era a Coragem, e não o Medo.

    ResponderExcluir