Reversão de expectativas
As perspectivas para o ano de 2015, que
vai começar na próxima quinta-feira, a julgar pelas previsões e projeções de
especialistas nas mais diversas áreas de atividades, não são das melhores. As
pessoas estão aflitas e assustadas, e com certa dose de razão. Mas não toda. Temos
que considerar que os que fazem extrapolações ou tentam adivinhar o que não
aconteceu e pode nunca acontecer são, por costume ou por vício, ou sabe-se lá
por qual razão, renitentes pessimistas. Alguns vão mais longe: são
catastrofistas. A sorte deles é que ninguém confere, no final do ano, suas
previsões, projeções ou adivinhações. Salvo engano, erram quase todas.
Prevê-se, por exemplo, a persistência
da instabilidade política na arena internacional. É provável, por exemplo, que
persistam os atos de hostilidade na Ucrânia, confrontando separatistas pró-Rússia
e nacionalistas. As instabilidades na Ásia tendem a se manter, principalmente
no caótico Afeganistão. Isso sem falar no permanentemente instável Oriente
Médio, onde o Estado Islâmico, entre Síria e Iraque, é o atual fator de
desestabilização, com a indefectível presença norte-americana. Cá para nós:
como esses caras gostam de uma encrenca! O panorama econômico, por seu turno,
não é igualmente dos mais tranqüilizadores, em especial no nosso País,
fragilizado pelos efeitos da prolongada crise econômica mundial. É verdade que
os Estados Unidos dão sinais animadores de recuperação. Mas os outros países do
chamado Primeiro Mundo... parece que continuam a patinar.
O pífio crescimento do PIB brasileiro
(projetado em menos de 1%), a ameaça onipresente da inflação, o escândalo da
Petrobrás e outras tantas e tantas “nuvens escuras” de tempestade são as
principais ameaças ao primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma
Roussef. Como se vê, há dificuldades, dificuldades e mais dificuldades à nossa
frente, comprometendo nosso planejamento para um futuro que se afigura cada vez
mais sombrio e afetando nosso humor e, por conseqüência, nossa saúde. Se me
fosse dada a tarefa de lhe dar um conselho, caro leitor, eu diria somente: “não
esquenta”!
Há motivos concretos para se
desesperar? Essa situação de crise generalizada e de violência desabrida é
irreversível e sem conserto? Depende. O homem tem a capacidade de mudar
qualquer situação, por pior que seja, desde que tenha, claro, vontade e aja
nesse sentido. Sabem de uma coisa? Não ficarei nem um pouco surpreso se, ao
cabo de 2015, nenhuma das previsões catastróficas, ou pelo menos a maioria
delas, não se concretize e se o País e o mundo retomarem a trilha da paz, da
tranqüilidade e do progresso.
Este será, por exemplo, no futebol, o
ano em que teremos duas Copas América, uma das quais nos Estados Unidos, comemorativa
de qualquer coisa que não tenho certeza qual é. Serão, pois, duas oportunidades
para a Seleção Brasileira tentar se redimir, pelo menos em parte, daqueles
absurdos 7 a 1 que levou nas costas, da Alemanha, no jogo que eu, pelo menos,
gostaria de esquecer, válido pelas semifinais da segunda, e bifracassada Copa do
Mundo disputada no Brasil. Desta vez o vexame foi daqueles para nenhum
masoquista com complexo de viralatas botar defeito. Pudera!. O torcedor
brasileiro está cabisbaixo, apreensivo e compreensivelmente ressabiado,
duvidando da nossa seleção agora comandada (de novo) pelo polêmico e brigão
Dunga, apostando em novo e catastrófico vexame. Bobagem.
Já vi o nosso futebol sair lá do fundo
do abismo da mediocridade e da desorganização (como em 1966, por exemplo, ou em
1990) para conquistar vitórias surpreendentes e memoráveis. Não há porque o
fato não se repetir. As Copas são competições, cheias de nuanças imprevisíveis,
onde ninguém é campeão, ou derrotado, de véspera. As coisas se decidem, mesmo,
é no gramado, e não nas críticas e previsões derrotistas de críticos e
comentaristas, que não são e nem vão ser jamais os donos da verdade.
Eles já cometeram erros grotescos de avaliação
no passado, em inúmeras ocasiões, como nas Copas de 1958, de 1970 e 1994, por
exemplo, só que têm memória curta. Tenho a intuição que, mais uma vez, vão
queimar a língua. Tomara que sim. Acho uma tremenda bobagem ficar se
autoflagelando pela eternidade por causa do fatídico placar de 7 a 1 deste ano.
Devem-se extrair lições desse desastre, óbvio, e tocar a bola para frente. Sei
lá... pode ser que no ano que vem, ou no próximo, ou daqui uma década, ou
sabe-se lá quando, o Brasil devolva a humilhação sofrida no Mineirão e faça os
germânicos dançarem, na marra, miudinho, um samba bem ritmado.
Como sempre acontece, os meios de
comunicação, salvo uma ou outra honrosa exceção, provavelmente vão ser usados
para confundir a cabeça do cidadão, com mensagens favoráveis (duvido) ou
contrárias (com certeza) ao governo. E daí? Onde a novidade? E porventura eles
são donos da verdade? De que verdade? O cidadão consciente é que deve se precaver
contra a manipulação de informações, para não fazer o papel de idiota. Precisa,
antes de tudo, buscar estar bem informado e usar seu senso crítico ou, quem
sabe, a intuição (confio mais nela).
No mais, é trabalhar, trabalhar e
trabalhar. Não se vai a lugar algum sem trabalho. E nunca se omitir da vida
pública. O caminho mais curto e direto para a catástrofe é o da omissão.
"Não há bem que sempre dure e nem mal que nunca se acabe". Ajamos de
forma tal que venhamos a calar, no final de 2015, a voz das cassandras de mau
agouro, que tanto nos assustam e incomodam.
O notável bardo inglês, William
Shakespeare, constatou, em uma de suas geniais produções, com a sabedoria que o
caracterizou e que por isso vem resistindo aos séculos: "A vida do homem é
uma trama tecida de bons e maus fios". Confiemos no lado positivo das
pessoas e não nos omitamos jamais de dar nossa constante e permanente
contribuição positiva, para mudar o panorama sombrio que aí está. Façamos de 2015
um dos melhores e mais vitoriosos anos de nossas vidas. Nós podemos! Duvidam?
Pois tentem!!! É o desafio que temos diante de nós. Só tentando saberemos se as
perspectivas negativas são reversíveis ou não. Não há outro jeito!
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Editorial agradável de ler, pois afugenta o negativismo, chamando para o trabalho, sem exageros para um lado nem para o outro. Como seu entendimento de futebol brilha, a parte futebolística ficou sensacional. Parabéns, Pedro!
ResponderExcluir