O Papa, Tristão de Athayde e o Recife
* Por
Antonio Campos
Alceu Amoroso Lima
(usava pseudônimo literário de Tristão de Athayde), foi o único autor
brasileiro citado pelo Papa Francisco nos seus pronunciamentos públicos, no Rio
de Janeiro, durante as celebrações da Jornada Mundial da Juventude 2013.
Falar de Tristão de
Athayde, para mim, é falar de um Jacques Maritain brasileiro, ele próprio –
Alceu/Tristão, um grande pensador católico leigo. É falar também da grande
cruzada cristã que ele presidiu neste país – o Centro Dom Vital; do grande
crítico literário que ele foi a vida inteira, escrevendo sobre os seus amigos
pernambucanos e sobre as obras literárias aqui produzidas. Do Rio de Janeiro
ele mandava para a Folha da Manhã e para o antigo suplemento literário do
DIARIO DE PERNAMBUCO os seus famosos rodapés sobre Gilberto Freyre, Mauro Mota,
Alvaro Lins, Luiz Delgado, Nilo Pereira, entre outros.
Até se converter ao
catolicismo, em 1928, Amoroso Lima produziu muitos escritos. Leitor voraz, sua
biblioteca particular, guardada em Petrópolis, na antiga casa de veraneio da
família e hoje sede do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, reúne 18 mil
volumes. Essas obras inspiraram e tornaram possível a produção de quase cem
livros, partindo de sua estreia, Afonso Arinos (escrito aos 29 anos), até Tudo
é Mistério (1983, edição póstuma). Na fase inicial de sua carreira, aparece
mais o crítico literário, observador das letras e artes, atento ao que
acontecia no exterior e entre nós. Ele acompanhou, por exemplo, o nascente
movimento modernista. Desta época são os cinco volumes da série Estudos,
editados de 1927 a 1933. A eles somaram-se ensaios de literatura, de
sociologia, de política, de economia, de filosofia, de jornalismo; biografias;
memorialística; e relatos de viagem.
*
Escritor e advogado
Nenhum comentário:
Postar um comentário