quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O Papa, Tristão de Athayde e o Recife

* Por Antonio Campos

Alceu Amoroso Lima (usava pseudônimo literário de Tristão de Athayde), foi o único autor brasileiro citado pelo Papa Francisco nos seus pronunciamentos públicos, no Rio de Janeiro, durante as celebrações da Jornada Mundial da Juventude 2013.

Falar de Tristão de Athayde, para mim, é falar de um Jacques Maritain brasileiro, ele próprio – Alceu/Tristão, um grande pensador católico leigo. É falar também da grande cruzada cristã que ele presidiu neste país – o Centro Dom Vital; do grande crítico literário que ele foi a vida inteira, escrevendo sobre os seus amigos pernambucanos e sobre as obras literárias aqui produzidas. Do Rio de Janeiro ele mandava para a Folha da Manhã e para o antigo suplemento literário do DIARIO DE PERNAMBUCO os seus famosos rodapés sobre Gilberto Freyre, Mauro Mota, Alvaro Lins, Luiz Delgado, Nilo Pereira, entre outros.

Até se converter ao catolicismo, em 1928, Amoroso Lima produziu muitos escritos. Leitor voraz, sua biblioteca particular, guardada em Petrópolis, na antiga casa de veraneio da família e hoje sede do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, reúne 18 mil volumes. Essas obras inspiraram e tornaram possível a produção de quase cem livros, partindo de sua estreia, Afonso Arinos (escrito aos 29 anos), até Tudo é Mistério (1983, edição póstuma). Na fase inicial de sua carreira, aparece mais o crítico literário, observador das letras e artes, atento ao que acontecia no exterior e entre nós. Ele acompanhou, por exemplo, o nascente movimento modernista. Desta época são os cinco volumes da série Estudos, editados de 1927 a 1933. A eles somaram-se ensaios de literatura, de sociologia, de política, de economia, de filosofia, de jornalismo; biografias; memorialística; e relatos de viagem.


* Escritor e advogado

Nenhum comentário:

Postar um comentário