Vela
* Por Fernando
Spanghero
Lá, onde
o mar se faz em céu
Surge, pequenina, uma vela
Solta no espaço qual branco véu
Retém o vento que anuncia a porcela.
Prenhe do ar que a vai estufando
Impele o barco de forma lenta
Para a vaga seguir cortando
Na tentativa de fugir à tormenta.
Surge, pequenina, uma vela
Solta no espaço qual branco véu
Retém o vento que anuncia a porcela.
Prenhe do ar que a vai estufando
Impele o barco de forma lenta
Para a vaga seguir cortando
Na tentativa de fugir à tormenta.
O céu que
em chumbo se fez
Sombreia toda a luz do sol
E o oceano encorpando de vez
Conduz o barco em direção ao atol,
Cuja pedra à superfície aflora
Para as aves de berço servir
Com restos de naus que outrora
Dobraram mares para nos descobrir.
Sombreia toda a luz do sol
E o oceano encorpando de vez
Conduz o barco em direção ao atol,
Cuja pedra à superfície aflora
Para as aves de berço servir
Com restos de naus que outrora
Dobraram mares para nos descobrir.
Range o
lenho que o colosso fustiga
Geme o cordame com o peso do pano
Nada impede, contudo, que siga
Singrando a água, vencendo o oceano.
Que luta para ver soçobrar
Aquele que a força resiste
Com a certeza de poder superar
A fúria que tanto persiste.
Geme o cordame com o peso do pano
Nada impede, contudo, que siga
Singrando a água, vencendo o oceano.
Que luta para ver soçobrar
Aquele que a força resiste
Com a certeza de poder superar
A fúria que tanto persiste.
Logo, a
pedra que se aproxima
Constitui tensão e pavor
Na tripulação que estima
A custo de muito labor,
Poder desviar sua rota
Superando o mar que encarpela,
Vencendo o medo que brota
Confiantes na pequena branca vela.
Constitui tensão e pavor
Na tripulação que estima
A custo de muito labor,
Poder desviar sua rota
Superando o mar que encarpela,
Vencendo o medo que brota
Confiantes na pequena branca vela.
As aves
que habitam a pedra
Alçam voo em feliz algazarra
Contrastando com o medo que medra
No barco que a fúria desgarra.
São gentes que são só lamento
Prevendo a possível desgraça
Que aos poucos excede em tormento
À cada onda que passa.
Alçam voo em feliz algazarra
Contrastando com o medo que medra
No barco que a fúria desgarra.
São gentes que são só lamento
Prevendo a possível desgraça
Que aos poucos excede em tormento
À cada onda que passa.
O mestre,
mais a vela estica
Retesa a corda que estala,
O barco, navega, embica
E a bordo a esperança se instala.
O convés se cobre de espuma
Com a torrente que tudo lava,
Contudo, o rumo se apruma
Em rota que a todos salva.
Retesa a corda que estala,
O barco, navega, embica
E a bordo a esperança se instala.
O convés se cobre de espuma
Com a torrente que tudo lava,
Contudo, o rumo se apruma
Em rota que a todos salva.
A vela,
encharcada pesa
E verga o mastro que cede
A corda que a prende retesa
E o peso, que então excede,
Impõe um transtorno iminente
Que a maestria do mestre coordena
Evitando o desastre premente,
E a sorte então lhe acena.
E verga o mastro que cede
A corda que a prende retesa
E o peso, que então excede,
Impõe um transtorno iminente
Que a maestria do mestre coordena
Evitando o desastre premente,
E a sorte então lhe acena.
Aos
poucos, da pedra que se afasta
Apenas, mancha disforme se vê,
E a alegria que agora contrasta
Com a tensão que deixava à mercê.
Todos que unidos lutaram
Trazendo em lembranças consigo
O horror dos que já naufragaram
Vitimados por semelhante perigo.
Apenas, mancha disforme se vê,
E a alegria que agora contrasta
Com a tensão que deixava à mercê.
Todos que unidos lutaram
Trazendo em lembranças consigo
O horror dos que já naufragaram
Vitimados por semelhante perigo.
Dá a
vela, a força que a nave conduz
Rijo, o leme a rota indica
Distante, são vistos uns raios de luz
Em céu que de azul se salpica.
E um mar que o furor apascenta
Se faz qual estrada segura
Onde a vaga já não arrebenta
E o barco, então, terra procura.
Rijo, o leme a rota indica
Distante, são vistos uns raios de luz
Em céu que de azul se salpica.
E um mar que o furor apascenta
Se faz qual estrada segura
Onde a vaga já não arrebenta
E o barco, então, terra procura.
A
distancia é vencida ligeiro
Rápido se faz o caminho da terra,
Aporta novamente o veleiro
Na doca, e tudo se encerra.
No aguardo da nova jornada
O reparo de pronto revela,
Que apenas se deve a chegada
Àquela pequenina branca vela.
Rápido se faz o caminho da terra,
Aporta novamente o veleiro
Na doca, e tudo se encerra.
No aguardo da nova jornada
O reparo de pronto revela,
Que apenas se deve a chegada
Àquela pequenina branca vela.
*
Poeta
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