Doces lembranças
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Lembro-me que adorava passear na fazenda dos meus avós. Era tratado com
um “reizinho” por todos. Quando brincava com os filhos dos empregados, sempre
era o líder. Tempos felizes...
Mas, um dia, um monte de homens armados invadiu a fazenda, prenderam
meus pais e meus avós. Os empregados com seus filhos se abraçavam felizes e
fiquei sem ação. Uma antiga empregada abraçou-me e a ouvi pedir para os caras
armados me deixasse ficar com ela.
Então, fui morar com ela numa casa simples da periferia. No início,
fiquei revoltado, queria minha vida antiga de volta, mas, com o tempo, fui me
adaptando e os dias na fazenda se tornaram um belo sonho. Anos depois, quando
voltava do trabalho, na porta de casa havia uma jornalista. Queria me
entrevistar sobre minha família biológica. Minha mãe de criação apareceu e a
expulsou e veio conversar comigo.
Bem... É lógico que eu sabia de tudo, porém, não queria ter consciência
disso, principalmente, perder as doces lembranças da infância. A verdade veio
dilacerando meu reino particular.
Minha verdadeira família escravizava as pessoas para trabalhar na
fazenda. Todos me tratavam bem porque eram obrigados. Fiquei alguns dias à
deriva, como se estivesse acordado de um coma. O que farei?
Minha mãe adotiva me disse para tocar a vida. Seguirei seu conselho.
* Eduardo Oliveira
Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense,
com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a
escritor
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