Pílulas literárias 168
* Por
Eduardo Oliveira Freire
- Cale-se! Tome logo esse cálice de vinho.
Quando foi dormir vomitou todo o jantar que o pai preparou para
comemorar seu retorno.
Abandonou a casa paterna na calada da noite e voltou a andejar sem rumo
por aí.
***
Viveu anos na cadeia. Quando foi solto, a
primeira coisa que fez: Construiu uma jaula para morar. Não suportava mais a
imensidão do mundo.
***
- Acordo. O que farei? Não sei. Vou preparar o café. A casa está vazia.
Eu tinha que ir trabalhar hoje, mas não vou. Espera um pouco... Não foi sonho.
O avião caiu no trabalho, dizem que foi atentado. Escapei, porque fui tomar
café. O que farei? Nada é como antes e nem eu. Não me reconheço no espelho,
sinto que fui junto com os que convivi há anos.
***
Levanta da cama e consegue sair do quarto, pela primeira vez, há meses.
* Eduardo Oliveira
Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense,
com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a
escritor
Adorei a "jaula para morar". Dei uma risadona, embora não seja propriamente engraçado. Pegou na veia, Eduardo.
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