quinta-feira, 12 de abril de 2012







Clube da Esquina, 40

* Por Marcelo Sguassábia

A agulha sulcando o vinil é arado rasgando as serras das Gerais - sem meias medidas, num quase estupro consentido. Segue a girar como Minas gira coração e miolos adentro, em quem é de lá de nascença, por costume ou vitimado de deslumbramento, com seus potes de compota e velas de procissão.

Belô dos mares de bares, todas as esquinas convergem conformadas e tímidas para aquela uma, a tal que ganhou mundo e fama. Seguem como devotas na quaresma, essas esquinas comuns que não tiveram clube, passos lentos e testas vincadas prematuramente.

Seguem pela Via Crucis de paralelepípedos gastos, com baldeação em Três Pontas, Montes Claros e onde mais passe o trem azul. E reverenciam, de joelhos, o latifúndio patrimônio deste mundo. Esse queijão com um furo no meio que Deus benzeu.

• Marcelo Sguassábia é redator publicitário. Blogs: www.consoantesreticentes.blogspot.com (Crônicas e Contos) www.letraeme.blogspot.com (portfólio)

Um comentário:

  1. Que linda viagem, Marcelo, ainda mais passando por Montes Claros. Tem uma música linda chamada De trem pra Montes Claros. Nosso bairrismo é tamanho, que quando a ouvimos fora dos domínios da nossa cidade, o choro é certo.
    "E mês que vem, eu vou de trem pra Montes Claros
    tem nada não, caminhar por onde se passa
    E mês que vem eu vou de trem pra Montes Claros
    E mês que vem eu vou de trem pra Montes Claros."
    Obrigada pela citação. Passa lá.

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