* Por Euclides Farias
No silêncio do rio, maré morta, sem afronta d’água à canoa,
o único som que se ouve vem do coração do pescador.
Num átimo, a linha que separa o peixe da fome se estica.
Vem um, vêm dois, vêm três.
O olhar se ilumina. As crianças em casa esperam.
Lá longe, o sino dobra na hora do anjo.
O coração, saciado, salta mais que os peixes em agonia.
Mas o cardume não se afasta.
Vêm quatro, vêm cinco, vêm seis.
No cabalístico sétimo, a linha se parte.
O mau presságio e o vento forte que agora sopra enchendo a vela
devolvem ligeiro o nativo ao estado bruto da preservação.
• Jornalista, com passagens pelo O Liberal, A Província do Pará, Agência Nacional dos Diários Associados e Rádio Cultura. Atuou, como freelancer, na Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde.
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