O
Escrevinhador
A moda dos blogs é altamente contagiosa e afeta os incautos
que gostam de escrever – quer escrevam bem, quer não. É como aquelas epidemias
de gripe que se espalham em questão de horas, com os vírus pairando no ar e nos
fazendo de vítimas, de seus hospedeiros, ao menor descuido, ao simples contato
com quem já esteja afetado. Fui contagiado por essa mania (que é como a encaro)
em dezembro de 2005. No final deste 2016, portanto, completarei onze anos como
blogueiro. Desde então, tornei-me membro assíduo e onipresente da blogosfera,
postando meus textos com pontualidade britânica, sem falhar um único dia. Nem
todos os que se valem desse precioso recurso de comunicação, convenhamos, são
tão prolíficos (e, talvez, também, bastante prolixo. Por que não?!). Ouso afirmar que pouquíssimos têm tamanha
assiduidade.
É verdade que antes de me decidir a ser mais um integrante
dessa estranha e informal confraria virtual, já freqüentava, diariamente, esses
espaços particulares da internet. Ou seja, antes de me tornar um blogueiro de
fato, fui leitor compulsivo de blogs, notadamente dos voltados à literatura, às
narrativas de viagens e aos de caráter político (estes nem tanto, por causa de
alguns debates entre leitores nem sempre democráticos e em alto nível).
E o que me levou a aderir a essa onda? Foi a vaidade? Um
pouco, talvez. Mas o principal motivo foi a necessidade de divulgar ainda mais
os meus textos, notadamente os literários, já que o escritor que não divulga o
que escreve, desaparece do cenário. Quem redige um texto, qualquer que seja, o
faz, claro, para ser lido. Eu não sou diferente. É verdade que então eu já
contava com vários espaços nobres da internet para essa divulgação, participando
de sites de grande visibilidade, em que eu era cronista semanal (eram, então,
dois, e hoje ascendem a dez ou quase isso).
Achava, porém, essa exposição, esse mostruário, essa vitrine
insuficiente. Queria um espaço só meu, em que fosse, ao mesmo tempo, o redator
e o editor. Sonhava com um “jornal particular”, posto que eletrônico, em que
pudesse escrever o que, como e quando quisesse, sem nenhuma espécie de
interferência, senão a do bom-senso. Foi por isso que criei “O Escrevinhador”.
O leitor, certamente, está se perguntando: “Por que não
batizar o blog de ‘O Escritor’, por exemplo, ou com outro nome qualquer, mais
nobre e menos vulgar?”. Sei lá! Deve ter sido coisa do subconsciente (às vezes
desleal e traiçoeiro) a me cochichar no ouvido que talvez eu não fosse o bom
redator que achava ser. Pode ter sido isso...
Afinal, o significado da palavra “escrevinhador” não é lá
muito lisonjeiro. Conforme o dicionário, “escrevinhar” é escrever mal; é
rabiscar, é escrever futilidades. Todavia, mesmo não sendo um Machado de Assis
ou um Jorge Luís Borges, convenhamos, não escrevo tão mal assim. E, muito
menos, me dedico a alinhavar futilidades. Quem teve acesso aos meus textos sabe
que abordo idéias e temas filosóficos e comento livros, estilos e tendências
literárias, embora, vez ou outra, também redija artigos, calcados, como o
gênero (que é exclusivamente jornalístico) o exige, em fatos.
Creio que, mais uma vez, o subconsciente prevaleceu sobre o
consciente. Contou, sobretudo, a sonoridade da palavra. “O Escrevinhador” soa bem
e por gostar do som, adotei o nome, sem pestanejar. E, apesar desse meu
cantinho contar com escassíssimos comentários, sei que é muito lido, pelos
e-mails que recebo de assíduos leitores.
Depois de batizado o blog, descobri que havia um homônimo,
em Portugal e um “quase” homônimo no Brasil. Meu nobre colega português que me
perdoe, mas não quis, em absoluto, roubar sua idéia. Pensamos, simultaneamente,
a mesma coisa, sem que um conhecesse o outro. Não sabia da existência desse seu
espaço. Só tomei conhecimento dele quando meu blog já tinha quase um ano de
atividade. Não vejo, porém, problema algum no fato de haver dois nomes iguais,
já que os estilos, temas e características de ambos são bastante diferentes e,
portanto, inconfundíveis. Já o “quase” homônimo é o blog do jornalista Rodrigo
Viana. A diferença entre o meu e o dele é o artigo “O”, com que batizei meu
espaço. O do ilustre jornalista não tem artigo algum no nome. Ademais, temas,
estilos e até periodicidade são totalmente diferentes. Não creio que meus
leitores e os dele confundam nossos blogs. O ideal é que seguissem e
acompanhassem ambos com assiduidade. Mas...
Esse meu cantinho particular, pelo qual tenho tanto carinho
e apreço, adquiriu uma utilidade que não foi sequer prevista quando de sua
criação. Nele testo a “qualidade” das crônicas, ensaios, poemas, contos e até
colunas que escrevo (publiquei ali uma centena de edições da coluna esportiva
“Toque de Letra”, que suspendi, temporariamente). Se tiverem boa aceitação,
encaminho-os para os sites com os quais estou compromissado. Caso contrário...
Creio que aí, mais uma vez, o subconsciente prevaleceu.
Afinal, um dos significados de “escrevinhador” é rabiscador. E como o blog é
uma espécie de “rascunho”, de “rabiscos” prévios, feitos antes da versão
definitiva dos textos, o nome mais do que se justifica. Esse subconsciente é,
mesmo, caprichoso! E põe capricho nisso!!!
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Mais uma vez extrapolou na sinceridade.
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