Mulheres:
não sejam homens!
* Por Fábio de
Lima
Pensei de supetão no título desse
texto. Mas acredito que se Woody Allen ou Domingos de Oliveira fossem refletir
sobre o mesmo tema, eles, com certeza,
vomitariam o mesmo título. O mundo mudou muito, Sr. Fábio de Lima. Não
canso de repetir isso para mim mesmo, todos os dias. Algumas coisas mudaram
para melhor e outras para pior. Não questionemos os fatos, não agora, caro
leitor amigo do Comunique-se. Para pior eu poderia citar um milhão de exemplos.
Para melhor eu não me lembro de nada, no exato momento, mas lembraria se o
Natal já tivesse chegado. Papai Noel faz a gente enxergar o mundo sempre mais
bonito.
Semana retrasada estive comendo uma
pizza com 3 amigas. Era véspera de feriado e não tínhamos pressa de chegar em casa. Chovia muito em São Paulo. O trânsito
estava todo parado. E a gente jogando conversa fora na mesa de um restaurante.
Só eu de homem na mesa. E minhas amigas filosofando sobre namoros e casamentos.
Elas dizendo o quanto casamento não presta e todas essas coisas que as mulheres
se acostumaram a dizer nos tempos recentes. Atualmente muitas mulheres fogem do
casamento assim como o diabo sempre fugiu da cruz.
Eu, perplexo, não queria discordar de
minhas amigas. Eu só queria entender o que aconteceu para as pessoas pensarem
assim. É óbvio que antigamente a mulher casava por amor e tornava-se, muitas
vezes, dependente do marido, infelizmente. Mas as mulheres conseguiram, com o
passar dos anos, uma valorização pessoal e profissional que não tinham
antigamente – embora merecessem desde sempre. Isso fez que a mulher pensasse na
utilidade de um marido como a mesma utilidade de um vibrador, tão somente. A
mesma não, o vibrador não ronca nem deixa a tampa do vaso sanitário levantada –
portanto, o vibrador é mais útil e melhor comportado. Se eu concordo com essas
teorias? Vamos adiante.
Há quem diga que se casamento fosse bom
não necessitaria testemunhas para comprovar o fato. Outras pessoas dizem que
morar junto basta e toda a liturgia que envolve um casamento em igreja não
passa de mera formalidade ou bobagem pura. Olha, veja bem, eu tenho as minhas
dúvidas, mas vamos adiante. Namoro também já é visto como algo ultrapassado por
muita gente, incluindo muitas das mulheres que conheço. Ficar é tão mais fácil
e cômodo. Então, para que ter um compromisso sério com uma pessoa quando se
pode ficar com duas ou três ou mais e ser feliz do mesmo jeito – pensam algumas
pessoas e, talvez, você pense assim também, caro leitor amigo.
Eu sou um entusiasta e fiel defensor da
felicidade. Acredito que o casamento faça parte disso. Mas respeito os que
pensam o contrário. No entanto, o que me deixa com uma pulga atrás da orelha é
que nossos discursos, a favor ou contra o casamento, estão muito coerentes,
muito pragmáticos, muito bem argumentados e, desde que me conheço por gente,
felicidade e amor não têm toda essa lógica que cuspimos com palavras. A gente
nunca sabe direito por que ama tal pessoa – simplesmente ama-se e pronto.
Então, naquela mesa de restaurante, escutando minhas amigas falarem como homens
ou, pelo menos, como o pensamento machista que sempre boa parte dos homens
defendeu peremptoriamente – fiquei e ainda fico confuso. Não sei onde concordo
e onde discordo de tudo isso.
O amor tornou-se um sentimento vingativo
nas últimas décadas. Existe até as pessoas que matam e colocam a culpa de sua
fúria no amor. Algumas traem e dizem que o fizeram por amor ao próprio namorado
(a) ou esposo (a). Perceba, caro leitor amigo, que meu texto de hoje não tem
uma coerência entre as idéias, entre os argumentos defendidos ou expostos. Note
que eu não sei dizer o que está certo ou errado no amor, nos namoros e, ou nos
casamentos. Entenda que essa falta de lógica não é própria de mim, como
escritor, nem de você, como leitor. O que está acontecendo aqui tem a ver com o
tipo de assunto que estamos a pensar. Eu não tenho respostas convincentes e
minhas amigas, sábias, mulheres independentes, bonitas, inteligentes e cultas,
também não têm. Você que me lê agora é a favor ou contra o casamento? Vamos
adiante e encerremos, em breve.
Mulheres:
não sejam homens!
pode ser uma crônica ou um livro ou um filme ou tudo isso. Sentimento, seja de
amor ou ódio, é algo que o ser humano não entendeu ainda. Talvez por isso o
sentimento ainda seja algo tão mágico. Mágico sim. Você não concorda? Vamos
adiante. Eu só sei de uma coisa – falando agora como homem e não como um
“contador de histórias” – nós homens sempre fomos muito insensíveis e tolos.
Mesmo os homens com mais sensibilidade têm uma dificuldade tremenda de dizerem
o que verdadeiramente sentem. Portanto, mulheres – minhas amigas ou não – não
sigam nosso exemplo.
Mulheres, quando o assunto for amor,
sejam como sempre foram. Vocês nunca estiveram erradas. Nós, homens, que sempre
fomos tolos ao ponto de achar que amor era sinônimo de feminilidade. Amor é
humano e todo ser humano deveria amar do instante que acorda ao instante que
dorme. Sem pausas e sem nenhum tipo de porém. Namoro e casamento fazem parte do
amor. É bom ou ruim? Não sei. Nem cabe a mim julgar, nem a você e nem a
ninguém. Naquele dia, do restaurante, das minhas amigas filósofas, depois que
mais ouvi que falei, como sempre, fui embora sonhando com o dia em que homens e
mulheres não disputarão nada, mas compartilharão tudo.
* Jornalista e escritor, ou “contador
de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro
romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.
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