Uma verdadeira reforma política
* Por
Fernando Yanmar Narciso
Depois de um período
eleitoral emocionante e completamente imprevisível, no qual houve até a morte
de um candidato, viradas de casaca que não fizeram o menor sentido, discussões
acirradas entre partidos opostos como há décadas não se via, boatarias de ambos
os lados e uma literal divisão do território nacional, ele enfim teve seu
desfecho. Numa disputa de pescoço a pescoço, a presidenta conseguiu se reeleger
quase milagrosamente, pela diferença de votos mais apertada desde 1989.
Enfim, o ano de 2015
começou essa semana para nossa representante-maior. E com um ano novo, novas
chances para tentar superar seu governo anterior, assim como novos embates com
antigas desavenças. Há quase uma década circulam por Brasília projetos para
realizar a tão sonhada Reforma Política, necessária para tentar corrigir inúmeras falhas e vícios da política
nacional.
E a presidente se
agarrou a essa ideia com unhas e dentes, fazendo dela o carro-chefe de sua
campanha eleitoral e jurando convocar a população brasileira para realizá-la,
em suas próprias palavras, nem que a vaca tussa. Quisera Drª. Dilma que seus
coleguinhas de congresso compartilhassem o mesmo ideal... Ela mal regressou de
um recesso de quatro ou cinco dias e já se viu diante de uma tentativa da oposição
de deturpar sua promessa de campanha.
Dilma planeja convocar
a nação a um plebiscito, ou seja, poderíamos escolher os pontos da reforma que
deverão vir a furo. Na esparrela da oposição, eles pretendem propor um
referendo, quer dizer, o pacote de propostas já vem empacotadinho e joiado das
mãos do Legislativo, cabendo a nós apenas assinalar com “sim” ou “não. A
presidente não afirma desconsiderar a ideia de um referendo em detrimento de um
plebiscito, mas de um jeito ou de outro, Ctrl+Alt+Del na política brasileira
acabará por acontecer até 2018, pasteurizado ou não.
Por mais que a função
de uma oposição seja se opor ao governo, só consigo ver criancice e birra nessa
presepada toda. Quer dizer, um político não devia zelar pelo bem do seu povo?
Num momento tão importante para o futuro do país, ideologias opostas e/ou
infantilidade de maus perdedores deviam ser postas de lado!
O problema é que,
quando você pega para ler as propostas da reforma política, elas mais parecem
reivindicações do movimento Bom Senso F.C, cheias de letrinhas miúdas que, fora
do papel, interfeririam muito pouco no andamento e na melhora da política, ou
do futebol. A saber:
“Pela proposta de
Dilma, um plebiscito sobre a reforma política permitiria aos brasileiros
posicionar-se sobre vários temas. Eles poderiam, por exemplo, decidir se o
financiamento das campanhas deve ser público, privado ou misto; se o voto deve
ser nos partidos, em listas fechadas, ou em candidatos; se deve ser criada uma
cláusula de barreira para impedir que partidos pequenos assumem lugares na
Câmara; e se a reeleição deve ser proibida.”**
Como podem ver, elas
não respondem as questões fundamentais da política brasileira: Como tais
propostas acabarão com a corrupção e a impunidade? Como tais propostas poderão
manter os sacanas fora do Congresso? Se o trabalho de um político é/foi
satisfatório, por que abolir a reeleição se o povo o quiser de novo? Na hora de
colocar os pingos nos “is”, essas propostas caem em pé e correm deitadas.
Já que a presidente faz
tanta questão que nós participemos desse momento, não seria melhor se NÓS
apresentássemos propostas mais com a cara do povo? Isso sim é a verdadeira
democracia! A Excelentíssima nunca lerá esse artigo, mas darei meus pitacos
mesmo assim. Só há duas coisas impossíveis de refrear no ser humano, a ganância
e a má índole. O ex-presidente Mujica já provou que, ao legalizar a maconha, o
número de mortes relacionadas ao tráfico no Uruguai caiu a quase zero.
Pois, se a graça de
cometer um crime é justamente ele ser contra a lei, por que não legalizar tudo?
Drogas, aborto, casamento gay, porte de armas, corrupção... O interesse pela
contravenção acabaria caindo sem a adrenalina proporcionada por fazer algo
errado. E já que é virtualmente impossível acabar com a corrupção, se
legalizá-la for um passo radical demais, que pelo menos propusessem sua
regulamentação.
Por exemplo: O teto do
assalto poderia variar de acordo com o cargo público exercido. Se você for um
deputado estadual e afanar um real a mais que o permitido por seu cargo, vai
pro xilindró sem possibilidade de habeas corpus. Para facilitar as
investigações da PF, poderiam até criar um tipo de Desvio-Card para os
políticos.
E tem mais: A
quantidade acachapante de dinheiro público no topo da pirâmide seria até um
incentivo para que aquele vereadorzinho de meia-pataca nos cafundós do
Jequitinhonha pudesse algum dia chegar à Presidência da República. O que não
quer dizer que o mandatário-mor da Nação esteja imune à mesma regulamentação!
Se ele tiver uma moedinha de cinco centavos a mais que o permitido em sua
conta, nem passaria por processo de Impeachment, desceria diretamente da rampa
do Congresso pra Papuda!
Ou fazer tudo isso ou,
quem sabe, simplesmente extinguir os verdadeiros cânceres da política nacional,
como o DEM, o PSDB, o PP e, principalmente, o PMDB, proibindo perpetuamente que
seus ex-integrantes participassem de qualquer campanha eleitoral. Ambas as
propostas teriam o mesmo efeito benéfico ao país. Viram só? Em menos de meia
hora, consegui dar um banho em qualquer proposta do governo!
*
Escritor e designer gráfico. Contatos:
HTTP://www.facebook.com/fernandoyanmar.narciso
cyberyanmar@gmail.com
Conheçam
meu livro! http://www.facebook.com/umdiacomooutroqualquer
**Extraído
do site HTTP://www.mudamais.com.br
Depois desse última campanha presidencial, todos têm discurso e quase todos permanecem com o palanque montado. Discordo da oficialização da corrupção. Quero que seja reduzida mediante intensa investigação, divulgação e punição. Assim seja.
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