segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Foto: BBC Brasil


Poema para a Pacahuara Bose Yacu

* Por Clevane Pessoa

Última flor de árvore quase morta,
dos pacahuaras,
atraia a vida de uma natureza
quase esquecida, pelos demais,
as tradições de sua etnia.
as crenças , as lendas,
a medicina codificada e decodificada...
Mas ela está mesclada aos ares,
pode soprar nos sonhos e nos ouvidos
num idioma reinventado, quem sabe,
pelas novas gerações?
Sabemos não ,se chamarmos baixinho
Bose Yacu, Bose Yacu,
o sol e a lua mandarão
mensagens de alento
ao rio que se esvai,
à terra sem raízes comestíveis
à mata devastada?Podes responder agora?
Os peixes multliplicar-se-ão?
O efeito estufa abrandará o clima?
A chuva cairá abençoando as tribos?Sei que teu espírito despedaçado embora,
leva urupema de receitas
preces e segredos.
Sei que voas e não irás embora.Mas teu coração de penas suportará
a dor desse final?Qualquer dia , quando cantares,
faz tua voz chegar e apaziguar
todos que se agiram sem ti
e os responsáveis
pelo extermínio do verbo sagrado de tua Língua .
Se possível, deixa-me dormindo que seja,
escutar-te e ver-te dançar em Paz...


PS: "Morte de índia extingue idioma e cultura de tribo amazônica: Bose Yacu era a última a falar língua e manter tradições dos pacahuaras, que já foram um dos maiores grupos indígenas da região".


* Poetisa

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