terça-feira, 31 de agosto de 2010




Pronta?

* Por Evelyne Furtado



Acho que nunca estou pronta. Toda hora constato que falta alguma coisa ou que tem algo sobrando em mim.
Às vezes saio de casa com a sensação de que esqueci de pôr batom, que não trouxe o celular ou que estou sem dinheiro.
Nessas horas faço um check list para me tranqüilizar e muitas vezes constato que esqueci algo. Se der para voltar, ótimo. Caso contrário vou sem lenço, sem documento, ou sem os brincos.
Em outras ocasiões sinto que carrego peso demais. Bolsa abarrotada de quinquilharias, mala cheia de roupas que não usarei, lembranças volumosas ou excesso de expectativas. È o momento de retirar itens dispensáveis, embora tudo me pareça essencial.
Quando é o coração que pesa uma tonelada o trabalho para torná-lo suave é penoso. Haja oração, meditação, razão e lágrimas, enquanto busco novas conexões neuronais para suavizar a bagagem.
Na verdade creio ninguém está pronto. Estamos continuamente nos adaptando ao presente e nos preparando para o próximo movimento da vida, para o qual, de forma a evitar ansiedades desnecessárias, usarei um pretinho básico, que pode até ser o vestido estampado, contanto que me deixe à vontade comigo mesmo.

• Poetisa e cronista de Natal/RN

4 comentários:

  1. Já perdi a conta de quantas vezes após ter me aprontado
    comecei tudo de novo...
    Mas apesar de ainda sentir a dúvida pairando no ar
    é bom ver o brilho que provocamos nos olhos dos outros.
    Abraços

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  2. Evelyne, minha amiga

    Guardadas as devidas adaptações ao universo da indumentária e dos acessórios masculinos, somos muito parecidos neste aspecto. Esta angustiante sensação de não estar pronto nunca para coisa alguma também me persegue. Ótimo texto!

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  3. Em busca da simplificação algumas vezes complicamos, assim como a exigência de acertar nos leva a errar. Estranho é que quando estamos leves por dentro, as grandes malas não são nenhum estorvo. E viva o equilíbrio!

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