terça-feira, 2 de outubro de 2018

Soneto triste para minha infância - Zilá Mamede


Soneto triste para minha infância


* Por Zilá Mamede

De silêncios me fiz, e de agonia
vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.
Culpa não tinha a voz que em mim nascia
pedindo esses desejos – sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.
Buscava uma beleza antecipada
– a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,
querendo-me em beber de inacabada
procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada.
* Zilá da Costa Mamede foi importante poetisa e bibliotecária. Apesar de ter nascido em Nova Palmeira, município do estado da Paraíba, viveu grande parte de sua vida e desenvolveu seu trabalho no Rio Grande do Norte.

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