sexta-feira, 15 de junho de 2018

Em um apartamento - Eduardo Oliveira Freire


Em um apartamento


* Por Eduardo Oliveira Freire


Sei que você não gosta desta pergunta, mas, acha que eu tenho talento?
 
– Não sou seu guru. Sou só uma pessoa mais experiente que pode lhe dar algumas dicas de leitura. 
 
– Gosta do que escrevo?
 
– Há textos que sim e outros não.
 
–Mas, teve um que lhe chamou mais atenção.
 
– Não.
 
– Então, os meus contos são fracos.
 
– Tem que entender, que deve continuar a ler e a escrever bastante. Revisar os seus textos exaustivamente. Pára de esperar alguém que chegará e dirá para você “ tem talento”; “ é um escritor maravilhoso”. Sempre almeja com fervor que alguém masturbe o seu ego.
 
– Só queria que me dissessem “continua, tem potencial”. Será que é pedir demais?
 
– O mais importante é trabalhar e continuar observando o mundo ao seu redor, porque um artista precisa ser sensível para transformar um simples acontecimento do cotidiano ou um sonho “meio sem nexo” em arte.
 
– Estou cansado. Idéias surgem e as minhas mãos lentas não conseguem acompanhá-las. Olho para o computador desligado parece que ele me chama para escrever. Tento fugir dele. Caminho por algumas horas. Contudo, ele continua me chamando. Parece uma maldição.
 
– É assim mesmo. Produzir é angustiante, porém, não deixa de ser prazeroso. Dois lados da mesma moeda.
 
– Quem sabe em outras eras, domino a arte da escrita.
 
– Continue. É a única coisa que posso dizer a você.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor


Um comentário:

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